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Sessão de 14 de Novembro de 1924 7

gem que deve existir entro membros do mesmo Ministério.

Todavia vê-se que o responsável dêsse pecadilho foi o Sr. Ministro da Instrução Pública que levou o seu colega do Comércio a isso no desejo do procurar criar uma escola comercial e industrial em Seia, desejo que não seria nada de condenável se os meios de que- se serviu não fossem, como são, absolutamente inaceitáveis.

Devo explicar que estou absolutamente convencido de que o Sr. Ministro do Comércio e Comunicações vai corroborar aqui certamente, na sua resposta, a declaração que já me fez pessoalmente e que não é particular de que está na disposição de criar imediatamente uma escola comercial e industrial em Gouveia.

É preciso, porém, que não haja confusões, porque eu não desejo que S. Exa. faça a transformação da escola primária superior em escola comercial e industrial. A escola primária superior está extinta e a sua transformação em estabelecimento comercial e industrial seria por mim recebida como um agravo.

Não se trata dum capricho da minha parte, como vou justificar.

Correspondendo a uma necessidade do ensino técnico a criação duma escola comercial e industrial em Gouveia, fica por suprir a necessidade que representava a escola primária superior.

Consulte S. Exa. a freqüência dessa escola, consulte as provas dadas pelos alunos de lá saídos, consulte a figura que essa escola tem feito em concursos, exposições, etc., e S. Exa. verá que essa escola desempenhava uma alta função, das mais brilhantes de que a República pode orgulhar-se.

Pois bem: como a Câmara sabe, estão em marcha projectos que inutilizam a medida do Sr. Ministro da Instrução a respeito das escolas primárias superiores e parece até que o próprio titular dessa pasta está resolvido a modificar o seu critério inclinando-se a fazer uma simples transformação dos cursos complementares das antigas escolas.

De qualquer forma, eu tenho uma crença absoluta de que êsse acto de justiça não se fará esperar, e que amanhã haverá novamente em Gouveia uma escola primária superior e, nesse caso, o meio simples de resolver a questão seria o de reabrir novamente a escola primária superior e criar a escola comercial e industrial.

E como da extinção da escola primária superior resultou a extinção, no seu frontispício, do nome de Pedro Boto Machado, que montou até a escola do seu bolso particular, sendo ainda hoje os seus herdeiros quem a sustenta, necessário ô que, emquanto estiver extinta a escola primária superior, seja dado à escola comercial e industrial o nome de Pedro Boto Machado.

É um acto de absoluta justiça mandar, o mais breve possível, à assinatura o decreto criando essa escola.

E amanhã dia de assinatura, e o Sr. Ministro do Comércio, se tiver a boa vontade que eu lhe presumo, pode bem liquidar êste incidente fazendo a reparação duma gravíssima injustiça.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro da Instrução (Abranches Ferrão): — Sr. Presidente: poucas palavras tenho a dizer em resposta às observações do ilustre Deputado Sr. Pires do Valo, já porque tive ocasião de dar à Câmara as necessárias explicações sôbre o assunto de que S. Exa. se ocupou, já porque eu não dou ao caso, como o ilustre Deputado, foros dum grave problema de administração pública que precise ser detalhadamente esclarecido.

Pode o Sr. Pires do Vale estar absolutamente tranqüilizado, porque da minha parte não houve, nem há, o propósito de ferir os legítimos interêsses de Gouveia, cujas necessidades eu conheço de perto. Simplesmente tenho a opinião de que, se é necessária a existência de uma escola comercial e industrial em Gouveia, essa necessidade não é menos real em relação a Seia, que é incontestavelmente um centro industrial muito mais importante que o de Gouveia...

O Sr. Pires do Vale: — Era mais elementar que V. Exa. fôsse, como alguns filhos que, preguntados sôbre só gostam mais do papá do que da mamã, respondem que gostam tanto dum como doutro.

A Câmara Municipal de Seia expôs ao Ministério do Comércio o