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8 Diário da Câmara dos Deputados

conjunto de circunstâncias que impunham a necessidade de criar nessa vila uma escola comercial e industrial.

Em face das razões aduzidas, o Sr. Ministro do Comércio resolveu criá-la.

Quanto a Gouveia, o Sr. Ministro do Comércio aguarda o momento de transformar a sua escola primária superior em escola comercial e industrial...

O Sr. Pires do Vale: — É uma curiosa maneira de transformar, essa de extinguir em Gouveia e criar em Seia.

O Orador: — V. Exa. pode tirar as conclusões que quiser.

O que é lamentável é que a Câmara esteja perdendo tanto tempo com questões de tam reduzida importância.

O meu procedimento neste lugar não se amolda aos desejos ou interêsses dos meus eleitores, mas sim aos desejos e interêsses da Nação.

Que fique isto bem assente.

Falou o Sr. Pires do Vale na desconsideração que, no entender de S. Exa. a} houve com a memória do insigne republicano Sr. Pedro Boto Machado.

Não vale a pena desfazer a insinuação.

Sou republicano há muito tempo, do tempo em que para se ser republicano era preciso ter espírito de sacrifício.

Lutei com muitas dificuldades para manter através de tudo o meu credo político.

Não podia, por isso, ter qualquer gesto de desconsideração para republicanos, sobretudo pára republicanos da categoria do Sr. Pedro Boto Machado.

Termino, Sr. Presidente, absolutamente convencido de que nesta questão agi com imparcialidade e com justiça.

A melhor prova de que assim é, está no telegrama que me foi enviado pelos próprios patrícios do Sr. Pires do Vaie.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro do Comércio e Comunicações (Pires Monteiro): — Sr. Presidente: antes de responder às considerações há pouco feitas pelo Sr. Pires do Vale, mando para a Mesa uma proposta de abertura de crédito para a qual requeiro urgência.

Sr. Presidente: a questão do ensino técnico em Portugal tem-me merecido desde a primeira hora em que tive a honra do entrar no Ministério do Comércio a mais cuidada atenção.

Foi assim que, pela primeira vez no nosso País, os professores de todas as escolas técnicas de Lisboa, elementares, médias e superiores, se reuniram numa sessão sob a presidência do Chefe do Estado.

As escolas primárias superiores foram extintas e, em conseqüência dessa extinção, os professores dessas escolas ficaram adidos, e, segundo o sistema estabelecido, e que se chama o respeito pelos direitos adquiridos, ficaram recebendo os seus vencimentos, menos o exercício.

O Ministério da Instrução procurou aproveitar alguns dêsses professores, e para isso criou os cursos complementares.

Sr. Presidente: eu julgo que o ensino técnico elementar não tem tido no nosso País aquele desenvolvimento que as condições do nosso meio exigem e justificam.

Eu estou convencido de que um dos grandes males da nossa indústria, um dos grandes defeitos do nosso comércio e um dos grandes prejuízos que sofre a nossa agricultura, são devidos ao pouco desenvolvimento do ensino técnico.

Assim, Sr. Presidente, nós vemos que as nossas escolas de artes e ofícios, que são ais escolas técnicas mais elementares, devem estar ligadas às escolas primárias superiores.

Em seguida temos as escolas comerciais e industriais, com secções variadas, conforme as exigências de cada região, e depois os institutos médios e superiores, como o instituto, superior do comércio e o instituto superior técnico, do Pôrto, todos sob a dependência do Ministério do Comércio.

Conseqüentemente, Sr., Presidente, verifica-se que a República realizou uma obra importantíssima, sob o ponto de vista da rede geral do ensino técnico.

Sr. Presidente: eu estou absolutamente convencido de que poderia prestar um grande serviço ao meu País, aproveitando os professores das escolas primárias superiores que foram extintas, na regência de várias disciplinas das escolas comerciais e industriais.