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Sessão de 14 de Janeiro de 1925 25

lónia, e tanto que a porá a coberto das suas crises periódicas de fome.

Todos sabem que hoje duas ou três horas de avanço é reclame bastante para uma companhia de navegação, além da economia que naturalmente resulta da menor distância.

E, como se consegue isto?

Consegue-se, fazendo reverter para a colónia as taxas de trânsito.

Êste ano, por exemplo, que o franco era pago a 70 deve dar 9:000 a 10:000 contos, isto é só dos 50 por cento pertencentes a Cabo Verde.

Gastando durante 5 ou 6 anos essas receitas na construção de um porto, faremos uma obra que se imponha e que com certeza atrairá a S. Vicente a sua antiga navegação, treplicando automaticamente as suas receitas e colocando assim a província, nas condições de se bastar a. si mesma.

Serão despesas que se reproduzirão e imediatamente, além de que, serão feitos à custa da própria Ilha de S. Vicente.

Para o Sr. Ministro das Colónias apelo hoje, para ver, se é possível que de vez se resolva o assunto das taxas de trânsito, vital para Cabo Verde e com tanto mais entusiasmo quanto é certo ser V. Exa. um ilustre caboverdeano e com certeza desejar os progressos da sua terra natal.

Ainda se tais receitas fossem arrecadadas pelo Estado Português para fazer face a alguma necessidade urgente, ou em proveito de toda a colectividade, vá, que se deixasse passar, mas para ser entregue à voracidade vertiginosa da Administração Geral dos Correios e Telégrafos, é um absurdo, para não empregar têrmo pior.

Por isso deve entrar na colónia, onde servirá que mais não seja para debelar a crise dos famintos.

Portanto peço ao Sr. Ministro, em nome dos habitantes de Cabo Verde, que faça com que essa receita que pertence a Cabo Verde, lhe seja entregue pois que a ela tem iniludíveis direitos.

Apoiados.

Sr. Ministro das Colónias: sabe V. Exa. muito bem que um dos grandes males da Ilha do Fogo é a falta de água, na cidade de S. Filipe e freguesia de Santa Catarina.

Há lá propriedades do Estado e que para mais lho não servem do que para pomo de discórdia e que vendidas poderiam render 2:500 contos ou mais, o que bem chegaria para aproveitar a importante nascente de Praia Ladrão, conduzindo as suas águas para onde houvesse falta. Com tal importância ainda se concluiria o porto de Vale de Cavaleiros e se fariam as reparações de que tanto necessita a estrada que rodeia a ilha.

Porque se não hão-de vender aos emigrantes vindos da América pequenos talhões de terra, onde construam as suas casas e tenham uns palmos de terra para semearem, se êles nisso empregam gostosamente os seus dólares e nós temos a vantagem de os fixar à terra e tornar êsses terrenos produtivos?

Além disso receita bastante para dotar a Ilha do Fogo, dos melhoramentos de que mais necessita.

Também S. Vicente não tem água.

V. Exa. sabe que há lá uma Companhia das águas, que cumpre o seu contrato, porque feito há muitas dezenas de anos, apenas tinha de fornecer água para 3:000 a 4:000 habitantes, mas hoje que a população da cidade orça por 16:000 não fornece mais água e nem a isso é obrigada e portanto porque é que se não há-de obrigar a reformar o seu contrato, melhorando os serviços de captação e aproveitamento das nascentes e canalização?

Devo confessar que tenho fundadas esperanças que na própria ilha de S. Vicente, se pode aproveitar muita água potável e experiências se tentarão para êsse fim, mas se isto não der resultados práticos, poderemos voltar-nos para a nascente da Água de Mesa que o Estado não deve vender (Apoiados), mas sim o Estado deve entrar com ela como representativa do capital, numa empresa que ofereça boas condições de exploração da sua deliciosa água.

Vai a hora adiantada e não querendo importunar a Câmara por mais tempo, vou resumir e terminar as muitas considerações que ainda tinha para fazer.

Bem verdade que elas constam já de propostas apresentadas no Ministério e portanto não lhes farei referência especial.

V. Exa. sabe que em Cabo Verde as pontes estão a cair e os cais estão arrui-