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20 Diário da Câmara dos Deputados

rêsses do consumidor quando barateou o pão, porque nessa altura todos os elementos eram indicativos do que o podia fazer.

Eu sei que estava estabelecido para o trigo nacional o preço do 1$80 por quilograma, mas também sei que, tendo-se feito uma chamada do trigo nacional, ela deu o seguinte resultado: foram manifestados 41-000:000 de quilogramas, mas dêste montante apenas 9.800:000 quilogramas foram manifestados pela lavoura. Ora afirma-se, dentro das possibilidades que têm afirmações desta natureza, que a produção dêste ano devo ter sido metade da produção do ano passado.

O Sr. Sousa da Câmara: - É mais.

O Orador: - Se é mais, ainda V. Exa. vem reforçar os argumentos que me levam a dizer que a lavoura, apesar do lhe ser dado um preço remunerador, sonegou muito trigo ao consumo.

Qual ora a situação em que o Govêrno tomou conta do Poder?

Unicamente esta: era nessa altura o preço do trigo exótico do 280 xelins a tonelada.

Afirma-se agora que se podia prever, então, uma alta de preço, Não sei como; a verdade é que todos os anos, o tanto foi assim que não se financiou, retardava-se sempre para mais tarde o financiamento do qualquer aquisição do trigo, porque a melhor época para a compra dos trigos é sempre a de Janeiro em diante, exactamente quando se pode contar com a colheita dos trigos da Argentina.

Foi sempre assim o teria sido, se circunstâncias absolutamente anormais não fizessem com que êsse trigo subisse do preço, pois que a Itália, a Alemanha o a França fizeram também grandes aquisições naquele Pais e, pior que tudo, formou-se um trust alemão que adquiriu a maior colheita dos trigos da Argentina.

Acusar-se, portanto, o Govêrno de falta de previsão, e um êrro. Se os governos fossem condenados por falta de previsão, neste momento estariam nas cadeias de todo o mundo os melhores estadistas.

A situação era a seguinte: o consumo do país, afirmava-se, é superior a 400 milhões de quilogramas de trigo; se o Govêrno quisesse ter em consideração toda a produção, o que era justo, porque a lavoura teria tido o dever de manifestar todo o seu trigo, porque o preço, aliás, era mais do que remunerador, havia um déficit de 250.000:000 de quilogramas.

O Sr. Brito Camacho: - Eu sou um lavrador modesto, lavrador de cão à porta, como se diz no Alentejo. Tenho notado que tem sucedido sempre isto: quere manifesta o seu trigo é roubado.

Apoiados.

O Orador: - Isso foi sempre assim desde 99.

Não estou aqui a fazer a defesa do Sr. Ministro da Agricultura; S. Exa. é um erudito, uma pessoa cheia de talento o um conhecedor de todas as cousaa do nosso País, desde D. Afonso Henriques até a data; não tenho, pois, a veleidade de o defender, mas, se hoje apoio o Govêrno, não significa isso que amanhã proceda de igual modo.

O Sr. Cunha Leal (em àparte): É um apoio de ida o volta!

Risos.

O Orador: - O Govêrno tinha de fazer uma, importação de 250 milhões de quilogramas do trigo, Neste ponto é que não há erudição que possa desmentir a verdade dos factos.

A lei de 1899 tinha o manifesto no prazo de quatro meses e em Novembro tinha uma chamada de trigo nacional, o essa chamada era repartida por duodécimos, e assim o consumo de trigo nacional ia até quási a próxima colheita, o que não impedia o fixar-se o preço do pão.

Não vou meter-me no labirinto dos diagramas, porque êsse processo tem sido seguido por muitos estadistas que não têm resolvido o problema.

Eu pregunto a V. Exa. se alguém está convencido de que, com os sucessivos decretos publicados, a moagem não tem ganho mais.

Eu, muitas vezes, pregunto a mim próprio se muitos dos decretos publicados não teriam sido elaborados pela própria moagem.

Sr. Presidente: não quero alargar mais as minhas considerações, porque creio