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28 Diário da Câmara dos Deputados

composto de pessoas que aqui só viessem tratar de interêsses económicos, descurando por completo a sua acção política, quási insinuando que é preciso o Parlamento tratar de interêsses económicos, pondo de parte a política.

Mas no dia em que essas fôrças económicas tivessem saído triunfantes da luta, seria impossível a República em Portugal.

Apoiados.

Aqueles que, primeiro que ninguém, se levantam, nesta casa do Parlamento, ira- dos, espumando raiva por todos os lados, parecendo querer subverter o Ministro das Finanças e com êle o próprio Govêrno e o regime, são os monárquicos.

O Sr. Carvalho da Silva, meu prezado amigo, é um homem recto, de são carácter, sabendo fazer justiça aos homens e aos intuitos dos homens, mas, quando se trata de defender o seu credo monárquico, perde toda a sua compostura, e de tal maneira que, com a maior facilidade, falta à verdade.

Mas não sabem todos que tudo aquilo é política, a política do Sr. Carvalho da Silva, a política da monarquia, a política de milhares de monárquicos que estão por todo o País, a política extinta que não vê porque não quere ver?

Ainda não tinham passado muitas horas depois que se deu êsse embate, e veio logo das bancadas legitimistas o maior tribuno da oposição para afirmar o seu protesto, também irado, contra a reforma bancária.

Vem a propósito nesta altura recordar factos.

A Câmara bem sabe que houve da parte de alguém a idea de que eu fôsse capaz de cometer um acto menos correcto, menos digno.

Toda a gente sabe que eu pertenço à extrema da Câmara, e muita pena tenho de que não haja ainda mais uma extrema esquerda para a poder ir ocupar.

Costumo proceder com toda a correcção. Quando tenho que atacar, ataco.

Quiseram atribuir também a mim, como agora querem atribuir ao chefe do Govêrno, a responsabilidade de factos ocorridos em 2 dêste mês nesta casa do Parlamento, acontecimentos lamentáveis.

Era indispensável fazer barulho, e era preciso assacar a responsabilidade a al-
guém. Pronunciaram-se palavras que não ouvi.

Atribuiram-me a responsabilidade de ter mandado para as galerias da Câmara dos Deputados determinado número de indivíduos para fazerem essa manifestação...

O Sr. Tavares de Carvalho: - Não fui só eu o responsável; foi também o senhor. Assim, é distribuída a responsabilidade...

O Orador: - É verdade; que eu mandara para as galerias gente que poderia espalhar o seu ódio contra o Parlamento, ou quem quer que fôsse!

Aproveitei esta ocasião para dizer isto porque não podia ter responsabilidade alguma de que alguns díscolos insultassem os homens públicos da Nação.

Apoiados.

Alguém me julga capaz de um acto que representaria uma violência.

Assim ficam sabendo que êsses actos não podem merecer a minha aprovação, nem a de ninguém.

Aproveitei êste ensejo para o dizer.

Mas o que eu acho, sobretudo, assombroso, é que alguém se indigne porque o chefe do Govêrno, segundo o relato dos jornais, tinha dito que a fôrça armada não foi organizada para bater no povo, e que estava no firme propósito de não consentir, por mais tempo, a exploração do povo, por algumas centenas de indivíduos que, há um ano a esta parte, outra cousa não têm feito.

O meu amigo, Sr. coronel David Rodrigues, mandou para a Mesa a sua moção, e, nas considerações que fez, disse que até hoje não tinha verificado que na sociedade portuguesa houvesse de um lado a classe dos exploradores e do outro a dos explorados.

O Sr. David Rodrigues (interrompendo): - Perdão! Eu disse que não queria saber de que lado estava cada uma das classes.

O Orador: - Sr. Presidente: as palavras do Sr. David Rodrigues tinham um significado diferente daquele que eu percebi, mas, independentemente delas, já