O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 9 de Fevereiro de 1925 27

A guarda republicana foi criada para defender o povo, e não para o atacar. Foi organizada para defender as prerrogativas republicanas, que são as prerrogativas de todo o cidadão português.

A polícia tem também que empregar todos os esforços para defender a propriedade dos cidadãos, bem como a sua integridade, e a propósito lembro-me que em determinado momento, em Lisboa, houve um movimento chamado "as mulheres dos bichos", em que cidadãos indefesos foram barbaramente espancados pela polícia.

A guarda republicana merece o nosso maior respeito porque ela é a segurança, não só da cidade de Lisboa, mas do nosso País.

Sabem V. Exas. e principalmente aqueles que viviam no Alentejo, as situações que se atravessavam, quando não havia organizada a guarda republicana e os chamados malteses percorriam as estradas da vasta província que é o Alentejo, pondo em perigo as pessoas e a propriedade dos cidadãos.

Sr. Presidente: se organizámos a guarda republicana com o único objectivo de ela ser uma garantia para a ordem e para a paz, como é que nós, os homens que se sentam dêste lado da Câmara, os homens que se sentam naquelas cadeiras e que ali estão representados por uma das suas mais brilhantes figuras, nos poderíamos associar a actos ou manifestações de que resultasse o desprestígio para o ilustre comandante da guarda republicana, um dos nossos oficiais mais valorosos?

E, Sr. Presidente, dada a circunstância de êste brioso oficial ser nosso correligionário e amigo pessoal do Chefe do Govêrno, como é que se vem em plena Câmara dos Deputados fazer a acusação de que o Chefe do Govêrno trata com menos consideração e respeito um dos oficiais que maior culto de amizade lhe merece?

Porventura não se sabe que o Sr. Vieira da Rocha, filiado no Partido Democrático, já ali ocupou duas vezes o lugar de Ministro?

Se o Presidente do Ministério e Ministro do Interior não tivesse por S. Exa. a maior consideração, decerto não o colocaria à frente daquela guarnição que é o sustentáculo da ordem.

Mas então como é que se manda para a Mesa uma moção em que se aponta o Govêrno como um elemento que contribui para o desprestígio da ordem?

Não, Sr. Presidente! E que neste momento há alguma cousa de mais grave que isto; é que neste momento - e é para isso que todos devem olhar - há uma pequenina questão partidária, uma pequenina questão política por parte de alguém a quem não convém êste Govêrno, nem para os seus desígnios nem para as suas ambições!

Neste momento há um perigo não para o Govêrno, mas para a própria República!

É preciso não esquecer que os inimigos de todos nós, de todos nós os que somos devotados servidores do regime, são aqueles que se sentam do lado direito da Câmara!

É preciso não esquecer que neste momento há alguma cousa de mais grave do que as questões entre os partidos da República, neste momento há a vencer os homens que querem a extinção do regime e que, não podendo recorrer às armas leais, o fazem por intermédio da intriga.

A luta não é de ontem ou de hoje, vem de mais longe.

Sr. Presidente: a seguir ao Monsanto, os monárquicos reconheceram que tinham de adoptar outra tática, porque as armas já não chegavam para fazer sucumbir as instituições republicanas, que por serem republicanas são progressivas e são cada vez mais a garantia das instituições vigentes.

E o que é que se está fazendo de há um ano a esta parte?

Esta cousa simples: declara-se a toda a gente, proclama-se em todos os cantos e recantos do País que o Poder Executivo e com êle o Poder Legislativo desprezam e amesquinham todas as reclamações e ambições das classes que a si próprias se intitulam de fôrças vivas do País.

E então assistimos a êste espectáculo edificante: as associações comercial, industrial e dos proprietários, não falando em política, tendo o cuidado de pôr de parte tudo o que possa significar uma palavra pròpriamente ofensiva, abertamente ofensiva às instituições; vêm insinuando que é preciso arranjar um Parlamento