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22 Diário da Câmara dos Deputados

noite, durante quási três anos, não tem mêdo.

Apoiados.

Lavrado assim o nosso enérgico protesto contra a política seguida pelo Sr. Presidente do Ministério, acirrando paixões em vez de conciliar, como é do dever dum chefe de Govêrno, os interêsses em presença, não alongamos mais êste debate; e eu que havia enviado para a Mesa um negócio urgente, também sôbre êste assunto, que a Câmara fez o favor de aprovar, o que agradeço, desisto do meu negócio urgente, pois que já protestei em nome dêste lado da Câmara. Isto é o que eu não queria deixar de fazer, contra as palavras do Sr. Presidente do Ministério, impróprias de um chefe de Govêrno que tenha a consciência das suas responsabilidades.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Agatão Lança: - Sr. Presidente: não vou analisar as razões da manifestação de sexta-feira passada, nem apreciar a atitude das classes que estão em luta. Isso é agora indiferente para mim. Fàcilmente se verificaria que os homens que fizeram essa manifestação são em grande parte os mesmos que estiveram no Parque de Eduardo VII, ao lado de Sidónio Pais que o Sr. Presidente do Ministério tanto combateu com grande energia, inteligência e audácia.

Também podíamos verificar que um jornalista que elogiou a obra de Sidónio Pais e que atacou violentamente o grande republicano Afonso Costa, que fôra lançado na fortaleza de Elvas, é o mesmo que não se farta agora de fazer o elogio máximo dêste Govêrno.

Vamos à manifestação:

Entre os vivas que se soltaram não ouvi nenhum à República nem ao Govêrno. Ouvi vivas à Russia vermelha e à revolução social; e não sei que êsses gritos subversivos merecessem quaisquer reparos da parte dos homens do Govêrno.

No jornal O Mundo, que eu leio porque sou um dos seus amigos, e que deve ser insuspeito para o Govêrno, encontrei um relato que me merece os maiores reparos.

Leu.

O jornalista que escreveu esta notícia usou de má fé.

Quere provocar a antipatia do povo pela guarda republicana, dizendo que a guarda foi de propósito firme hostilizar os manifestantes.

A verdade é que a guarda formou em obediência aos regulamentos disciplinares. Não fez mais do que cumprir o seu dever.

Apoiados.

Diz mais o jornalista:

Leu.

Todos sabem que dois feridos são praças da guarda republicana, que foram atingidos por estilhaços da bomba que rebentou.

Diz ainda mais:

Leu.

Não creio que S. Exa. o Sr. Presidente do Ministério tivesse tido tais palavras. Creio que tivesse verberado os gritos subversivos, o lançamento da bomba e os tiros de pistola dados pelos populares.

Se S. Exa. tivesse proferido o seu discurso tal como o jornal O Mundo lho atribuíu, decerto que o Sr. Ministro da Guerra que é um militar brioso, possuindo a Tôrre Espada e a Cruz de Guerra, não deixaria de protestar contra essas palavras do chefe do Govêrno.

Certamente o Sr. Presidente do Ministério elogiou os soldados da guarda republicana que deram um admirável exemplo de serenidade, coragem e disciplina.

Apoiados.

Fizeram tiros para o ar! Grandes e admiráveis soldados são êsses!

Eu, oficial de marinha, não tenho dúvida em fazer continência respeitosa a quem demonstrou tam elevadas virtudes militares.

Apoiados.

Também, decerto, S. Exa. não se esqueceu de elogiar a fôrça de cavalaria que estava no Terreiro do Paço.

Essa fôrça foi atacada a tiro por populares. Pois apesar disso e de uma praça ficar com uma perna atravessada por uma bala, essa fôrça nem sequer deu descargas para o ar.

Limitou-se a fazer evoluções.

É, Sr. Presidente, razão para nós, militares, nos orgulharmos e cada vez mais prestarmos as homenagens do nosso respeito ao ilustre general Vieira da Rocha,