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18 Diário da Câmara dos Deputados

Ainda outros:

"Lançou-se uma bomba sôbre a multidão".

Outros:

"Contra a guarda".

Explicavam-me terceiros: não houve bomba.

O que houve foi um morteiro que se pegou nos fios, e, ao cair, produziu um alarme grande.

Houve uma descarga e dois homens feridos.

O que se passou de verdade no meio de tudo isto?

Qual era a razão verdadeira?

Alguma era verdadeira?

Eu não sabia.

Qual foi, então, a posição do Ministro do Interior?

Saudar as pessoas que o iam saudar, garantir que o Govêrno se conservava firme na posição que havia marcado na política portuguesa, e que procederia a um inquérito, para apurar quem tinha responsabilidade naqueles distúrbios.

Havia certamente um equívoco, têrmo êste que, propositadamente, empreguei.

Êsse equívoco havia de ser esclarecido pelo inquérito a que ia mandar proceder, e terminei pedindo a todos que dispersassem na melhor ordem, acentuando que, quanto mais ordeira fôsse a manifestação, mais forte e mais significativa ela era.

Apoiados.

E assim sucedeu.

Quem mais falou, não sei.

Falou o Sr. Leonardo Coimbra, que muito gosto de ouvir, o que não consegui por muitas circunstâncias, e ainda várias outras pessoas que não sei.

Nesse momento, o que mais me interessava é que aquela mole de gente, uma parte dispersada pelos tiros, mas outra firme, debandasse na melhor ordem.

Foi essa a minha acção, e devo dizer que o consegui inteiramente.

Toda a gente se retirou, e naquela manifestação realizada de noite, numa atmosfera de excitação e irritação, eu pude verificar, mais uma vez, que o povo de Lisboa se tinha manifestado por forma que não tinha sido possível a repetição de acontecimentos sangrentos, como tantas vezes se têm dado.

Houve, na verdade, uma bomba, o que verifiquei depois.

Mas quem a atirou?

Isto é que é indispensável averiguar-se. Foi então que chamei ao meu gabinete e desculpem V. Exas. esta narrativa fácil e verdadeira, como resposta ao discurso do Sr. David Rodrigues - o Sr. general comandante da guarda republicana, e disse-lhe:

Deram-se estes acontecimentos.

Fazem-se estas e aquelas afirmações.

Julgo necessário para esclarecimento da verdade, e sem prejuízo de diligências posteriores, que se proceda imediatamente a um inquérito.

O Sr. comandante da guarda republicada concordou comigo.

Chamei seguidamente o Sr. governador civil de Lisboa, a quem disse a mesma cousa e S. Exa. concordou comigo.

Resolvi pois proceder, não a uma sindicância, mas a um inquérito, no que há sua diferença.

Para êsse inquérito, nomeei um Deputado.

Então havia de nomear um homem da guarda republicana ou da polícia?

Havia de nomear um homem do povo?

Entendi que devia nomear um Deputado, que está procedendo a êsse inquérito.

Sr. Presidente: isto não impedia que a guarda republicana procedesse desde logo a um inquérito, que se fez, e já está concluído.

O final de tudo isto era apurar quem atirou a bomba, porque, para mim, é o que me interessa.

Apoiados.

O Sr. Carvalho dos Santos (em àparte): - É saber quem costuma ir às manifestações, e quem costuma atirar bombas.

Trocam-se àpartes.

O Orador: - Sr. Presidente: do que ainda ninguém me convenceu, e não há-de ser fácil convencer-me, é que foi alguém da manifestação que atirou a bomba para os seus fins, para êle próprio ficar ferido.

A bomba partiu de alguém que não ia na manifestação.

Mas isso apurar-se há.