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Sessão de 9 de Fevereiro de 1925 13

porque essas entidades devem estar sempre e condignamente fora de todas as questiúnculas políticas.

Muitos apoiados.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Cunha Leal (para explicações): - Sr. Presidente: os governantes, quer êles sejam membros do Poder Executivo ou do Poder Legislativo, têm deveres a que não podem faltar.

Anunciou-se, não sei com que visos de verdade, que o Sr. Presidente do Ministério, das janelas do Ministério do Interior, proferira palavras que são evidentemente perigosas para a conservação da sociedade actual; e afirmou-se que S. Exa., para se firmar no Poder, desencadeia a guerra civil e a guerra das classes, pondo uma classe contra todas as outras, servindo-se dessa classe para se sustentar no Govêrno.

Exactamente porque isso se disse e até porque pode ser mentira, o Sr. Presidente do Ministério não devia deixar de comparecer aqui, pois é o Parlamento a única tribuna onde S. Exa. pode fazer ouvir a sua voz.

S. Exa. poderia faltar hoje em qualquer lugar menos na Câmara, porque nada devia ser considerado tam urgente como o facto de vir tranqüilizar uma Nação que teme ver a sua ordem social perturbada.

S. Exa. faltou, portanto, ao cumprimento dos seus deveres.

Nós cumprimos os nossos; e aqui estamos a preguntar ao Sr. Presidente do Ministério o que há sôbre o assunto.

Apresentámos um requerimento e não o retiramos. Neguem a urgência se entenderem que não lhes convém que a questão seja esclarecida; nós é que não desistimos do requerimento formulado.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Agatão Lança: - Sr. Presidente: é esta a primeira vez, desde que estou filiado num partido, que tenho de usar da palavra sôbre um assunto de ordem mais ou menos política; e a circunstância de êle ser de ordem mais ou menos política torna-o mais grave do que se fôsse simplesmente de ordem política.

Sr. Presidente: sou um republicano de sempre (Apoiados) e em todas as ocasiões da minha vida nunca deixei de ser coerente com os meus princípios, que prezo acima de qualquer questão partidária.

Antes de Deputado, sou oficial da marinha de guerra, e são conhecidas da Câmara e do País as atitudes que tenho assumido sempre que está em perigo o prestígio da República, sempre que está em jôgo a dignidade da fôrça armada, seja a da marinha, a que me honro de pertencer, seja a do brioso exército português.

Sr. Presidente: devo confessar a V. Exa. e à Câmara que profunda estranheza me causaram as notícias que vi nos jornais de Lisboa após as manifestações de há dias, estranheza profunda que em nada pode comparar se àquela estranheza leve que o meu ilustre correligionário e amigo Sr. Pina de Morais sentiu a quando da frase justa do Sr. Amadeu de Vasconcelos que chamava bandidos aos díscolos que aqui vieram insultar os Deputados.

O Sr. Amadeu de Vasconcelos, falando em defesa do Govêrno, soube aplicar a êsses indivíduos o nome que realmente lhes foi devido.

Mas eu, que discordei da opinião manifestada pelo meu ilustre correligionário Sr. Pina de Morais, discordo hoje também da atitude dos jornais que põem na bôca do Sr. Presidente do Ministério palavras que eu não posso acreditar que S. Exa. tivesse proferido.

Efectivamente, seria preciso não possuir a mais leve noção do respeito que é devido à fôrça pública, para produzir tais afirmações.

Eu não posso acreditar, repito, que isso se tivesse passado; mas entendo que é aqui o lugar próprio para esclarecer o assunto.

E, por isso, não ficaria bem com a minha consciência se negasse o meu voto ao requerimento do Sr. David Rodrigues, para que a Câmara se ocupe dêste caso quando estiver presente o Sr. Presidente do Ministério, a quem os jornais atribuem essas afirmações.

Tenho dito.

O orador não reviu.

Foi aprovado o requerimento do Sr. David Rodrigues.