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14 Diário da Câmara dos Deputados

O Sr. Amadeu de Vasconcelos (para explicações): - Sr. Presidente: eu vi no relato parlamentar de alguns jornais referências a um discurso que há dias proferi. Dessas referências pode porventura inferir-se que eu tivesse apodado de bandidos os indivíduos que nas galerias se manifestaram.

Ora não foi bem assim.

O Sr. Agatão Lança: - Se V. Exa. quiser, eu faço minha essa afirmação e tomo dela a responsabilidade.

O Sr. Júlio Gonçalves: - Não apoiado! Não podemos chamar bandidos a homens que davam vivas à República!

O Sr. Agatão Lança: - Também os bandidos de 19 de Outubro assassinaram republicanos dando vivas à República!

O Orador: - Sr. Presidente: eu não tenho a intenção de lisonjear quem quer que seja. O que eu não podia fazer era apodar de bandidos os indivíduos que nas galerias se manifestaram e que não sei quem eram.

Lamentei o facto, protestando contra êle; mas não quero uma responsabilidade que me não pertence.

Servi-me apenas da expressão que aqui tinha sido proferida para dizer que o Govêrno não precisava do apoio dessas criaturas.

Tenho dito.

O orador não reviu.

Foi aprovado o pedido de negócio urgente do Sr. Morais Carvalho.

É a seguinte:

Negócio urgente

Desejo ocupar-me, em negócio urgente, das declarações feitas pelo Sr. Presidente do Ministério acêrca da acção da fôrça pública na noite de 6 do corrente. - Morais Carvalho.

O Sr. Presidente: - Deu a hora de se passar à ordem do dia.

Está em discussão a acta.

Pausa.

O Sr. Presidente: - Como ninguém pede a palavra, considero-a aprovada.

Vai entrar-se na

ORDEM DO DIA

O Sr. David Rodrigues (para interrogar a Mesa): - Sr. Presidente: constando-me que está na sala dos Passos Perdidos o Sr. Presidente do Ministério, pregunto a V. Exa. se o não convida a entrar na sala.

Nesta altura entra na sala o Sr. Presidente do Ministério.

O Sr. Presidente: - Vai discutir-se o negócio urgente apresentado à Câmara pelo Sr. David Rodrigues.

O Sr. David Rodrigues: - Sr. Presidente: nos jornais, em todos ou quási todos, pelo menos naqueles que tenho lido, vi referências a factos, vi referências a palavras, factos que foram dados, palavras que foram pronunciadas, mesmo no Ministério do Interior, que me causaram muita tristeza e profunda mágua; e eu digo funda extranheza e grande mágua, porque tendo visto essas notícias publicadas nos jornais, mas, não tendo visto que algum jornal dissesse que êsses factos não eram verdadeiros e que essas palavras não eram exactas, sou obrigado a concluir que essas palavras e actos são verdadeiros e isso representa para mim uma mágua, representa para mim uma tristeza, uma mágua como português e uma tristeza como militar que sou.

As palavras que certamente toda a Câmara conhece e que são atribuídas ao Sr. Presidente do Ministério, causaram-me pena e estranheza, certamente como à Nação inteira.

Apoiados.

E não posso deixar de pôr em foco esta estranheza, quanto é certo que essas palavras foram pronunciadas por uma pessoa formada em direito, isto é, com cultura jurídica.

Nesta qualidade, S. Exa. sabe muito bem, mesmo pelo seu passado político, quais são as funções dos elementos que compõem o Estado.

Ora eu li que das janelas do Ministério do Interior se pronunciaram palavras que vêm estabelecer exactamente a desarmo-