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Sessão de 9 de Fevereiro de 1925 15

nia entre todos os elementos que constituem o Estado.

Apoiados.

Das próprias janelas do Ministério do Interior (li eu nos jornais) deram-se "vivas" a várias corporações, fizeram-se referências a várias classes, umas agradáveis para certas classes, outras desagradáveis para outras classes.

Essas referências feitas na presença do Sr. Ministro do Interior e das janelas do seu Ministério, vêm mostrar-nos que dentro do próprio Ministério do Interior se fomentou a luta de classes.

Essa luta é sempre perigosa, tem causado em todos os países, ou pelo menos em muitos, sérias perturbações que sempre se lastimam e que têm consequências sempre funestas.

Mas ao mesmo tempo que se pronunciavam essas palavras, passavam-se na rua factos anormais.

Uma fôrça pública, uma fôrça da guarda republicana, devidamente comandada, devidamente disciplinada, colocada no seu pôsto, cumprindo estritamente com a sua obrigação, de forma a não haver nada que lhe assacar, num determinado momento foi atacada à bomba.

Esta simples cousa: uma fôrça pública atacada à bomba!

Não sei que instruções ou ordens esta fôrça pública tinha; o que li nos jornais é que essa fôrça pública, contra àquilo que é natural e humano, praticou um facto anormal: limitou-se simplesmente a disparar as suas armas para o ar.

Se porventura a guarda republicana tem estas ordens, elas não são legítimas, porque não são naturais nem humanas, visto que se vai tirar à fôrça pública, não só o seu prestígio, mas também o seu legítimo direito de defesa.

Eu protesto como militar, se porventura alguém deu a uma fôrça pública do meu País instruções neste género.

Apoiados.

Eu protesto e é necessário que todos aqueles que são militares e portugueses amantes da ordem protestem exactamente contra êste estado de cousas, porque eu, sendo militar, gosto de cumprir o meu dever, mas não posso abdicar do meu legítimo direito de defesa.

Apoiados.

Depois dêstes factos se passarem, dizem os jornais que o Sr. Presidente do Ministério disse cousas assombrosas; por exemplo:

"Que não consentia que a guarda republicana fizesse uso das suas armas contra o povo".

Mas, neste caso, quem é que S. Exa. entende que é o povo?

Em discursos que se pronunciaram nessa ocasião, disse-se que havia duas classes: uma que era a dos explorados, outra que era a exploradora.

Pergunto, pois: quem é o povo?

São todos os indivíduos, ou são os que exploram, ou os explorados?

É necessário fazer-se a destrinça, saber que significado têm estas palavras e até onde podem ir.

É necessário, nestes termos e se estas palavras forem verdadeiras, que se faça uma cousa extraordinária e que só no nosso País se admite: fazer a definição do que é o povo português.

Para mim, porém, não há classes exploradas, nem classes exploradoras, e agora falo como militar; eu, como militar, comandando uma fôrça, não quero saber de quem é explorado ou explorador; quero simplesmente saber que tenho por obri- gação manter a ordem contra aqueles que a excederem; hei-de mantê-la contra aqueles que atentarem contra a idea normal do Estado e contra o regime.

Apoiados.

E na rua, e das janelas do Ministério do Interior, deram-se vivas a certa classe e deram-se morras a outra.

Ouviu-se dizer também que dessas duas classes uma merecia toda a repulsão, e a outra toda a simpatia, e que esta última era a que tem ideas comunistas!

E, como o comunismo é um regime que destrói o Estado e que destrói o regime democrático e parlamentar, eu não posso deixar de considerar essas palavras como absolutamente subversivas.

Apoiados.

Mas, os factos anormais que se deram, e não foram poucos, ainda não ficaram por aqui; foram ainda mais longe.

Atribuíram-se; com razão ou sem razão - não pretendo discutir isso agora - actos praticados pela Guarda Nacional Republicana, e, por aquilo que eu li nos