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Sessão de 9 de Fevereiro de 1925 17

Pois se V. Exas. olharem para um exército e o quiserem ver como espelho da Nação, encontrarão nêle a imagem dela.

Um facto semelhante se dá olhando para um espelho fragmentado, partido, em que a amálgama tenha caído em parte. Há nêle figuras também partidas.

Um exército é o exemplo da Nação.

Se falo no exército é porque considero a guarda republicana como corporação do exército.

Apoiados.

Um exército pode apresentar-se como um espelho partido: pode ter braços, pernas, podo ter armas, mas se não tiver disciplina e unidade não é exército, não tem condições de poder cumprir a sua missão.

Apoiados.

É isso que eu lastimo e sinto.

Por isso não podia deixar de levantar êste incidente porque o julgo deprimente para a fôrça pública.

Nesta conformidade mando para a Mesa a minha moção.

Moção

A Câmara, reconhecendo que a política do Ministério conduz ao desprestígio da fôrça pública, e consequentemente do regime, passa à ordem do dia. - David Rodrigues.

O Sr. Presidente do Ministério, Ministro do Interior, e, interino, da Marinha
(José Domingues dos Santos) (sôbre o modo de votar): - Sr. Presidente: estava no Ministério da Marinha a tratar de assuntos daquela pasta quando fui surpreendido pela notícia de que estavam desejando a minha comparência neste Parlamento para tratar daquilo que se convencionou chamar "as minhas palavras" na manifestação de sexta-feira.

Vim imediatamente, e não tinha vindo já porque, ao ler a ordem do dia, encontrei marcada para a primeira parte a continuação da discussão sôbre a selagem, e na segunda parte o assunto relativo a reforma bancária.

Assim supus que nada teria de fazer antes dessa ordem do dia.

Chamado porém para vir aqui, aqui estou para ouvir o negócio urgente aprovado.

Estive com toda a atenção a ouvir as palavras proferidas pelo ilustre Deputado
Sr. David Rodrigues. Com atenção e com calma.

Uma das cousas que me traz preocupado é saber do que me acusam.

Dizem que proferi palavras, na sexta-feira, sem me dizerem que palavras são.

Compreendem V. Exas. que não posso responder sem saber que palavras foram pronunciadas por mim, ofensivas do prestígio, dizem, da guarda republicana ou do prestígio do exército ou da polícia.

Isso é que eu desejava saber para poder responder completamente se foram ou não verdadeiras essas palavras.

Começo, pois, por preguntar: Quais são as palavras que, dizem, proferi?

Mas se no Século, até, segundo me informam, se diz que eu andei de pistolão!

Garanto que nem pistola possuo.

Mas à Câmara eu vou referir, tanto quanto a minha memória mo permita, como os factos se passaram.

Estava preparada uma manifestação de protesto contra as chamadas "fôrças vivas".

Preguntaram-me se proibia a manifestação, e eu respondi:

"Não proíbo, mas tomo todas as precauções possíveis para que essa manifestação decorra em ordem".

E tomei.

Pedi ao Sr. comandante da polícia que tivesse a polícia preparada para que a debandada se fizesse em ordem. O mais perigoso nestas manifestações é sempre a debandada.

Queria que ela se fizesse ordeiramente e ràpidamente, por forma que ninguém pudesse ser desacatado na sua propriedade individual, ou desrespeitado.

Quando saí daqui e cheguei a casa, pouco depois do jantar, disseram-me que estava lá em baixo a multidão.

Ao chegar ao Ministério do Interior encontrei a multidão um tanto agitada. Havia certa efervescência.

Diziam uns:

"A guarda republicana atacou o povo sem que o povo a tivesse provocado".

Diziam outros:

"A polícia atacou o povo sem ter havido provocação alguma".