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Sessão de 9 de Fevereiro de 1925 23

êsse soldado da escola do glorioso Mousinho, que tam bem tem sabido impor a disciplina às fôrças do seu comando.

Essa alta figura do nosso exército, êsse soldado da escola gloriosa de Mousinho, como as humildes praças dessa guarda, acabam de dar o maior exemplo de valor, de disciplina e de qualidades militares.

E como procedeu a polícia?

Com a maior serenidade e prudência.

Está à sua frente o Sr. tenente-coronel Ferreira do Amaral, militar brioso que é respeitado por toda a gente que o conhece, tendo dado em França os mais altos exemplos de valentia e espírito militar.

O Sr. Cunha Leal: - O tenente-coronel Sr. Ferreira do Amaral publicou uma ordem à polícia que é um documento nobilíssimo, cheio de espírito republicano, de fé na disciplina, e que é bem um documento próprio dum soldado do valor de S. Exa.

Apoiados.

O Orador: - Sr. Presidente: o Sr. Presidente do Ministério não deve ver nas minhas palavras qualquer azedume ou má vontade.

S. Exa. conhece-me, trabalhou já muitas vezes comigo, e sabe que eu pela minha inteligência, pelo meu temperamento e pela minha independência, não sirvo para agradar a quem quer que seja, nem para andar a formar grupos ou grupinhos em volta de qualquer pessoa.

Eu desejo preguntar ao Sr. Presidente do Ministério se é verdade que da janela do seu gabinete, no Ministério do Interior, um dos seus secretários deu vivas à Confederação Geral do Trabalhor.

Se êste facto é realmente verdadeiro, eu pregunto a S. Exa. se está disposto a continuar a ter como secretário um cêgêtista.

Também quero preguntar ao Sr. Presidente do Ministério se é verdade que S. Exa. mandou fazer um inquérito aos acontecimentos, e qual a extensão dêsse inquérito.

Desejo saber ainda se o Sr. Presidente do Ministério, que é Ministro do Interior, e, como tal, quem manda na guarda republicana, cometeu o acto ofensivo para essa corporação de lhe mandar fazer um inquérito por um tenente-coronel da administração militar.

Teria, porventura, o Sr. Presidente do Ministério dado ordens para que um tenente-coronel da administração militar vá fazer um inquérito à arma de infantaria?

O Sr. Manuel Fragoso: - Naturalmente foi confusão dos jornais. O tenente-coronel Sr. Tavares de Carvalho, que é Deputado, foi incumbido de fazer um inquérito aos últimos acontecimentos que se deram no Parlamento.

O Orador: - Mas então para que serve a polícia de investigação criminal? Creio que era ao Sr. Crispiniano da Fonseca, e não ao Sr. Tavares de Carvalho, que competia êsse inquérito, por muito grande que seja a argúcia do Sr. Tavares de Carvalho e a sua enorme pessoa de Sherlock Holmes.

Sem que nas minhas palavras vá qualquer desprimor para com êsse Sr. Deputado, eu desejaria, no emtanto, poder amanhã prestar as minhas homenagens ao novo Sherlock Holmes da administração militar e desta casa...

Sr. Presidente: antes de terminar, peço à Câmara que não veja em mim uma pessoa que toma atitudes contra os humildes a favor das chamadas "fôrças vivas" - pois não deixo de reconhecer que estas têm por vezes procedido duma forma condenável - mas eu não quero, pelo meu passado, pela minha situação nesta casa, e até porque sou oficial de marinha, poder deixar pensar alguém que dava a minha aprovação a casos desta natureza.

Eu, que sou militar, e os meus camaradas lá de fora, homens honrados que têm sôbre os seus peitos medalhas e Cruzes de Guerra, queremos saber a atitude que temos de tomar, porque só queremos ser militares e marinheiros emquanto houver uma sociedade e Governos que permitam que desempenhemos a nossa missão, que sempre foi honrada, com brio, honra e glória.

Tenho dito.

O orador não reviu.

Vozes: - Muito bem, muito bem.