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6 Diário da Câmara dos Deputados

Agora, que tanto se fala na situação do Angola, vem a propósito apresentar considerações quanto aos nossos representantes na América do Norte, como o facto do Sr. Gilberto Marques assistir e usar da palavra em comícios.

O meu desejo é chamar a atenção do Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros para as notícias publicadas nos jornais americanos sôbre êsse facto.

Por essas notícias verifica-se que o vice-cônsul de Portugal em Providence tem usado da palavra em comícios em que se prega a desnacionalização de portugueses.

Sobro a independência de Angola, Sr. Presidente, eu vou ler à Câmara uma carta que aqui tenho e que diz o seguinte:

Leu,

A assinatura da pessoa que escreveu esta carta acha-se reconhecida por um notário americano.

Tenho aqui, Sr. Presidente, um outro documento que vou ler à Câmara.

Leu.

Êste documento ô passado pelo vice--cônsul de Portugal na Califórnia.

O terceiro documento que tenho, cuja assinatura também se acha reconhecida, diz o seguinte:

Leu.

Por aqui a Câmara está vendo que se trata do meetings realizados na América do Norte onde se tem feito uma grande propaganda contra as nossas colónias, e onde um representante nosso tem usado da palavra, o que é na verdade gravíssimo.

Para isto chamo a atenção do Sr, Ministro dos Negócios Estrangeiros, pois na verdade não se compreende que um homem, que eu não acredito que seja português, proceda desta forma.

Eu creio que não haverá um português que não sinta uma grande indignação perante as provas que acabo de trazer à Câmara.

Chamo, pois, repito, a atenção do Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros para êste facto, pois na verdade não se compreende que cargos de confiança estejam entregues a semelhantes criaturas.

E um caso que eu julgo dever merecer a atenção do Poder Executivo.

O Govêrno - e para o supormos basta-nos saber que a pasta dos Negócios

Estrangeiros está a cargo da ilustro personalidade que é o Sr. Sr. Pedro Martins - vai certamente encarar com o máximo cuidado o importante assunto para que acabo de chamar a sua atenção, mandando averiguar por pessoa com competência, inteligente e capaz se são ou não verdadeiros os factos que apontei..

Também o Govêrno, certamente, não deixará de fazer ocupar a actividade dos seus agentes na averiguado do que se passa sôbre certas ligações entre portugueses que residem em Angola e outros que residem .na América do Norte, bem como entre personalidades que estão em Lisboa e outras que por aqui passam frequentemente, até com o pretexto de pertencerem a missões que vão para a África progar religião e que me pareço terem outro fim em vista.

Sr. Presidente: untos de terminar, quero ainda chamar a atenção dos políticos do nosso País para a necessidade do não nomearem para cargos oficiais no estrangeiro indivíduos que praticam verdadeiros actos do traição à Pátria e que só sorvem para lá fora comprometer o bom nome português.

Segundo as minhas informações, ainda um dos últimos Ministros dos Negócios Estrangeiros nomeou vice-cônsul de Portugal em Springfield o sobrinho do secretário geral do govêrno civil de um distrito do sul, de apelido Martins, a que o Govêrno dos Estados Unidos negou exequatur porque tinha severas contas a prestar à polícia americana.

É preciso que não se continuo a permitir que estejam no estrangeiro indivíduos como êsse Martins, como Gilberto Marques e como outros da mesma categoria,

Não quero, Sr. Presidente, trazer uma devassa à Câmara dos Deputados, mas devo fazer uma afirmação antes de terminar as minhas considerações. Se bom que alguns dêstes indivíduos que estão vice cônsules do nosso País na América foram para lá pelo facto de seus pais e outros parentes gozarem de grande influencia política em determinadas terras de Portugal, eu acuso de criminosos os Ministros que, apenas pelo interêse de terem votos ao seu dispor mandam para o estrangeiro representar Portugal pessoas que só têm uma recomendação e que no