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Sessão de 27 de Março de 1925 7

desempenho dos seus cargos desonram a Pátria e desprestigiam a República.

Em parte os documentos que li à Câmara eram talvez desconhecidos do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Outros, porém, há muito que lá devem ser conhecidos, pois que há relatórios de chefes de missões consulares que nesse Ministério entraram há muitos meses, se não há anos, e que já se referiam aos factos que relatei à Câmara.

Chamo particularmente a atenção do Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros para o relatório do cônsul de Portugal em Boston, Sr. Eduardo de Carvalho, pessoa que não conheço pessoalmente, mas que julgo ser bastante conhecida nos meios republicanos.

Referindo-se a passaportes falsos, o Sr. Eduardo de Carvalho já dizia o seguinte:

Leu.

Esta simples frase devia ter feito com que no Ministério dos Negócios Estrangeiros se tivesse procurado averiguar completamente o que ela significava.

Sr. Presidente: vou terminar as minhas considerações, fazendo-as com a certeza de que presto um bom serviço não só à segurança e aos interêsses de Angola, revelando à Câmara os manejos que à sua volta só estão tramando, mas ainda à Nação, chamando a atenção do Govêrno para a necessidade de urgentemente demitir êsses funcionários que lá fora não honram a Nação nem a República.

E, porque à frente do Ministério dos Negócios Estrangeiros está o Sr. Dr. Pedro Martins, patriota irregulável, republicano ilustre, estou certo de que imediatamente vão ser tomadas as providências que se tornam necessárias para o bom nome de Portugal e para os interêsses e segurança das colónias.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros (Pedro Martins): - Sr. Presidente: é com a maior emoção que, em nome do Govêrno, me associo aos votos propostos pelo ilustre Deputado Sr. Agatão Lança, a propósito da morte do intrépido aviador, tenente Piçarra, e dos ferimentos recebidos pelos soas desventurados companheiros.

Quanto ao assunto de importância inegável para que chamou a atenção do Govêrno o Sr. Agatão Lança, Deputado muitíssimo ilustre e cujas virtudes patrióticas e chicas estão acima de lodo a elogio e comprovadas por muitos actos de coragem e de devoção à República, eu quero, em primeiro lugar, agradecer a S. Exa., com o maior desvanecimento, as palavras que a sua muita amizade soube inspirar lhe a meu respeito e que muito me lisongearam, porque sempre me desvanecem e lisongeiam as palavras saídas da boca de quem, como o ilustre Deputado, tam saliente é pelo seu civismo e pelas suas qualidades intelectuais e morais.

Referiu-se o ilustre Deputado, Sr. Agatão Lança, a diversos aspectos da nossa, representação consular em alguns pontos dos Estados Unidos da América do Norte,, especialmente em Haverhiel, Fall-River e Providence.

Eu tenho a dizer a S. Exa., visto que S. Exa. se referiu a acontecimentos graves para o prestígio do País, na hipótese de serem absolutamente conformes à verdade, que as informações e documentos que S. Exa. leu não são de ontem, mas vêm de longe já e que, por isso não, se realizaram somente desde o dia, em que eu tomei conta da pasta dos Negócios Estrangeiros. Não é o assunto conhecida no Ministério dos Negócios Estrangeiros. E, no momento, êle era também inteiramente ignorado por mim. E como o Sr., Agatão Lança chamou a minha atenção para uma sindicância a efectuar pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, eu folgo em poder dizer a, S. Exa. que pelo meu Ministério foi ordenado um inquérito aos referidos cônsules e que o relatório do inquiridor foi entregue ontem no Ministério dos Estrangeiros.

Não tenho inteiro conhecimento dêste relatório, mas já tencionava, por intermédio do inquiridor, o Sr. Bettencourt Ferreira, cônsul em Boston, que me fôsse fornecido êsse inquérito, para ler o seu relatório e apreciar as conclusões que se façam.

Inteiramente de harmonia com S. Exa. direi que, se porventura há problemas delicados na política portuguesa, um dos mais delicados e que mais importa à dignidade nacional é, sem dúvida e da nossa representação no estrangeiro.