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Sessão de 15 de Abril de 1925 5

cias sôbre o que só tem passado em Lisboa.

Esta cidade tem sido teatro das scenas mais vergonhosas, estando à mercê da chamada "Legião Vermelha", que, em assaltos constantes, tem cometido os actos mais extraordinários e que mais podem envergonhar uma capital.

Há, Sr. Presidente, mais do um mós que essas notícias tem vindo a público, e o Sr. Ministro do Interior, muito interessado e empenhado sempre em proibir procissões e em não respeitar os direitos das pessoas ordeiras, tem-se mantido, pelo menos até há poucos dias, os braços cruzados ante uma situação desta ordem.

E eu pregunto se é possível continuar a viver-se neste sistema vergonhoso.

O Sr. Tavares de Carvalho (interrompendo): - Quanto pior, melhor.

O Orador: - É precisamente porque eu não quero "quanto pior, melhor", e porque não quero fazer parte dum país onde se cometem verdadeiros actos do vergonha, que lavro daqui o meu protesto o pregunto ao Sr. Ministro do Interior se já tomou as devidas providências.

Espero que S. Exa. d faça o favor do mo responder por forma a tranquilizar o País, o que não será muito fácil, porque um Govêrno que deixa uma cidade a mercê de assaltos desta ordem não pode inspirar grande confiança.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros (Pedro Martins): - Pedi a palavra para dizer ao Sr. Carvalho da Silva que assim que me seja presente o ofício desta Câmara relativo a publicação dos documentos a que S. Exa. se referiu, imediatamente enviarei à Câmara uma cópia deles, a fim de ser ordenada a sua publicação no Diário do Govêrno.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro das Finanças (Vitorino Guimarães):- Sr. Presidente: pedi a palavra para dizer ao ilustre Deputado Sr. Carvalho da Silva que o meu estado do saúde mo impediu durante bastante tempo do dar o

devido andamento ao expediente do meu Ministério. Há até já bastantes dias que não dou despacho ao Sr. director geral das Contribuições o Impostos.

Dentro do poucos dias terei ensejo de dizer a S. Exa. o que há sôbre o assunto; mas desde já devo dizer que me parece que S. Exa. tem toda a razão na reclamação que me fez. E se efectivamente assim fôr, tomarei as devidas providências.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro do Interior (Vitorino Godinho): - Sr. Presidente: parece-me que o Sr. Carvalho da Silva não tem o direito de dizer que o Ministro do Interior tem estado de braços cruzados, e, mais ou menos, consentindo que se mantenha na cidade um estado de inquietação.

Eu creio que sempre que há factos concretos a5* autoridades, a quem compete investigar o actuar, têm procedido no sentido do pôr a bom recato aqueles que atontam contra a sociedade ou contra os particulares.

Ainda ultimamente se dou um facto, e parece-me que o Sr. Carvalho da Silva teve conhecimento dele, que o deve levar a tecer os seus elogios à polícia de investigação criminal.

Refiro-me ao caso da Rua 24 de Julho.

S. Exa. decerto não desconhece que a polícia de investigação criminal, com toda a solicitude, no mais curto prazo de tempo possível, conseguiu deitar a mão aos principais criminosos.

Também o Sr. Carvalho da Silva não desconhece que a polícia tem, nos últimos dias, prendido aqueles que são suspeitos do terem cometido quaisquer atentados, mas especialmente aqueles atentados à bomba que todos nós deploramos, mas que não são um exclusivo da nossa capital.

S. Exa. não desconhece que, apesar do muito mal que só diz da nossa terra (e nós somos talvez dos mais culpados não só em dizê-lo, como por vezes, injustificadamente avolumá-lo). S. Exa. não desconheço - dizia eu - que ainda assim, felizmente para nós e para a honra da índole do nosso povo, êsses factos não têm