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30 Diário da Câmara dos Deputados

O Sr. Presidente: - O Sr. Presidente do Ministério pediu a palavra para lazer declarações em nome do Govêrno, sôbre o documento que foi lido.

O Sr. Carvalho da Silva (interrompendo): - Pois é exactamente sôbre o documento que foi lido que eu pedi a palavra.

Então V. Exa. dá a palavra ao Sr. Presidente do Ministério e não me dá a mim a palavra?

O Sr. Presidente: - Eu não ponho em discussão o ofício que foi lido, sem que previamente a Câmara se pronuncie. Dou a palavra a V. Exa. mas para um requerimento.

O Sr. Carvalho da Silva: - Eu sei que a maioria quere abafar esta questão.

O Sr. Presidente: - Eu não sei o que a maioria quere ou deixa do querer.

Para ter esta opinião, não procurei saber o que a maioria pensa.

O Sr. Carvalho da Silva: - Mas, Sr. Presidente, quando eu pedi a palavra, foi exactamente nos mesmos termos em que o fez o Sr. Presidente do Ministério.

S. Exa. fez declarações políticas, e é sôbre essas declarações que eu desejo falar.

O Sr. Presidente: - Eu vou dar a palavra a V. Exa., para que não imagine que procedo com qualquer parcialismo.

Para ter esta opinião, repito, não consultei a maioria.

Tem V. Exa. a palavra.

S. Exa. não reviu.

O Sr. Carvalho da Silva: - Sr. Presidente: eu primeiro lugar devo dizer que era incapaz de proferir qualquer palavra que, porventura, fôsse tendente a manifestar menos consideração por V. Exa.

Tanto isto assim é que começo por dizer que, nesta questão, foi V. Exa. quem salvou ou procurou salvar o prestígio da Câmara, fazendo logo de entrada a declaração de que tinha procurado o Govêrno, com a certeza em que estava de que os Sra. Cunha Leal e Garcia Loureiro tinham sido mal presos.

Apoiados da direita.

Vê V. Exa., portanto, a minha imparcialidade.

Sr. Presidente: o Sr. general comandante da divisão no sou ofício declara duas cousas:

A primeira que, quando S. Exa. tomou conta do comando militar do distrito de Lisboa, já estavam presos, à ordem do Govêrno, os Srs. Cunha Leal e Garcia Loureiro; a segunda, que nenhuma razão, absolutamente nenhuma, encontrou para manter presos êstes Deputados e por isso os mandava libertar.

O Govêrno afirmou à Câmara dos Deputados que Gsscs Deputados tinham sido presos em flagrante delito o agora o Sr. general de divisão vem declarar que não houve flagrante delito.

Apoiados.

O Govêrno, portanto, veio enganar a Câmara (Apoiados); o Govêrno procurou coagir a Câmara o veio pôr a questão nos termos que nos vimos, dizendo que era uma desconsiderarão ao general Adriano do Sá se a Câmara não votasse a continuação da prisão dêsses Deputados. Hoje vem o Sr. general Adriano de Sá pela maneira mais formal desmentir as afirmações do Govêrno.

Mais ainda. Há dias o Sr. Ministro do Interior, usando da palavra numa altura em que o não podia fazer, pois estava com a palavra reservada o Sr. Vasco Borges, procurou mais uma vez coagir a Câmara.

O Govêrno procura acobertar-se com o general de divisão, que nenhuma responsabilidade tem.

O Govêrno quis enganar a Câmara.

Apoiados.

Um Govêrno assim não se pode manter no Poder (Apoiados) nem mais um minuto.

Apoiados.

Um Govêrno que vem enganar a Câmara não pode continuar a gerir os negócios públicos (Apoiados), não pode ter a confiança da Câmara.

Apoiados.

Não apoiados.

Um Govêrno assim passa a ser um tolerado.

Não apoiados.

Apoiados.

Não sei o que pensará a maioria, mas individualmente cada Deputado certa-