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24 Diário da Câmara dos Deputados

acusação é caluniosa, afirma em seguida que é necessário que êle continue preso, o põe sôbre esta prisão urna questão de confiança.

Não é já ter-se preso um Deputado encontrado em flagrante delito.

É ter presa uma pessoa em que se reconhece e sôbre a qual se declara que está inocente!

Apoiados.

Sr. Presidente: o País tem do nos julgar a todos.

É possível lazer uma atmosfera suficientemente pesada sôbre o caso; mas a declararão do Sr. Presidente do Ministério tem de ser apreciada pelo País inteiro, que comparará o procedimento dos que, sendo companheiros dêstes dois Deputados, aqui vêm sem que qualquer outro fim aqui os trouxesse, sem lhes terem sido dadas quaisquer explicações, apenas porque tem do cumprir um dever, nada podendo tolhê-los na sua passagem (Apoiados) com outros procedimentos.

Há muito ainda que ver, Sr. Presidente. Temos muito ainda que ver, mas nunca esperei, confesso-o, o V. Exas. por certo nunca esporaram, ouvir um discurso como o do Sr. Presidente do Ministério.

Apoiados.

Ninguém o podia esperar, mas como já temos visto tanta cousa, havíamos do ver mais esta, e muito mais.

Nunca me passaria pela cabeça ouvir semelhantes cousas.

Apoiados.

Num regime republicano, homens que são republicanos, mio têm o direito do exigir a prisão de um inocente.

Apoiados.

Sr. Presidente: ouvi uma vez o Sr. Álvaro de Castro dizer que não é republicano quem quere.

Apoiados.

É republicano, não quem traz só na boca a República, mas quem traz e põe no procedimento o princípio republicano.

Apoiados.

Todos nós sabemos que o Sr. Cunha Leal pelo sen brio, pelo seu orgulho, seria incapaz de cometer uma baixeza para alcançar a liberdade.

Os seus próprios inimigos nunca deixaram de lhe reconhecer a sua grande coragem.

Temos ainda a afirmação clara, feita com toda a nobreza, pelo nosso colega nesta Câmara, o Sr. Rocha Saraiva, e temos também a declaração do Sr. António da Fonseca, feita a várias pessoas e confirmada na carta de S. Exa. que há pouco tive a honra de ler à Câmara, sendo necessário não esquecer que o Sr. António da Fonseca vivia como hóspede em casa do Sr. Cunha Leal.

Ninguém tem o direito de duvidar da veracidade das afirmações feitas pelo Sr. Cunha Leal.

As próprias palavras do Sr. Presidente do Ministério o confirmam, que não deixou de declarar que é amigo do Sr. Cunha Leal.

Mas, Sr. Presidente, só ser amigo do Sr. Cunha Leal é querer mantê-lo sob prisão, sendo inocente, eu direi que do tais amigos nos livro o diabo.

Era natural que o Sr. Vitorino Guimarães, tendo sorvido nuin Ministério presidido pelo Sr. Cunha Leal, conservasse de facto aquelas ligações que prendem todos os homens que uma vez serviram juntos.

Já experimentei, por desgraça minha, ser Ministro neste País, e sei, por isso, como as horas de amargura e essas sobretudo, são capazes de ligar por laços indestrutíveis aqueles que juntos vivem uma mesma hora do angústia.

Estranho, pois, que o Sr. Presidente do Ministério, que se diz amigo do Sr. Cunha Leal, aquele que já foi seu Presidente de Ministério, o queira manter numa prisão do Estado, quando se diz convencido de que S. Exa. está inocente.

Apoiados.

Falei de facto com a voz mais elevada, mas mais uma vez não deixei que os nervos tomassem conta de mim.

Ainda agora não disse uma palavra que possa servir a alguém para nela encontrar uma provocação.

Sr. Presidente: se um Govêrno de um partido a que eu pertencesse afirmasse ter preso um inocente e pusesse a questão de confiança sôbre a manutenção dessa prisão, eu dou a minha palavra de honra de que não apoiaria mais tal Govêrno.

Apoiados.

Sr. Presidente: eu não sei se já me incluíram também no número dos "talassas", porque parece que republicanos são