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Sessão de 27 e 28 de Abril de 1925 7

material didáctico. E, assim, pôs-se em prática o sistema de cobrar, por intermédio dos conselhos administrativos, as receitas destinadas à aquisição daquele material, pagando-se também, por intermédio daqueles organismos, o que só ia adquirindo.

Não basta apenas que nós tenhamos no papel interessantes disposições; o que é preciso é aplicá-las realmente.

É interessante, por muitos aspectos, uma proposta da autoria do Sr. João Camoesas, trazida a esta Câmara.

Mas, Sr. Presidente, um dos motivos por que essa proposta não foi logo aceita residiu precisamente no facto de muitos dos homens que se interessam pelas questões de ensino terem a convicção de que no papel aquilo não estava mal, mas que daí à sua efectivação ia um passo extraordinariamente grande.

Assim teremos como resultado que não seremos capazes de pôr em prática aquilo que no papel se concebeu. E, então, uma maior barafunda, uma maior confusão se iria estabelecer nas cousas da instrução pública.

Isto, Sr. Presidente, dá-se não só no capítulo restrito a que me tenho estado a referir, como ainda noutros, como, por exemplo, o da educação física.

Eu sei que no Congresso da República há vários parlamentares que tem quebrado lanças pelo desenvolvimento da educação física nos estabelecimentos escolares.

No entretanto, êles devem estar pouco satisfeitos, por verem que a sua acção, sendo ditada pelos melhores intuitos, não tem uma repercursão tam larga e tam intensa como seria para desejar.

A culpa não é dos profissionais de ensino, nem dos dirigentes dos estabelecimentos, nem é mesmo, Sr. Presidente, das pessoas que, directa ou indirectamente, embora numa condição de particulares, contribuem para o desenvolvimento e para o progresso da educação física nos nossos estabelecimentos escolares.

Esbarra-se com dificuldades intransponíveis, e, assim, calculem V. Exas. que dificuldades não terá qualquer dirigente dêste ou daquele estabelecimento de ensino quando, perante um certo número de classes a quem se deve ministrar educação física, elo não disponha de nenhum gimnásio, mas apenas tenha uma pequena casa a que se dá, às vezes, apenas por ironia, o pomposo nome de gimnásio.

Todas estas cousas têm sido apresentadas uma e mais vezes às pessoas que se têm sentado nas cadeiras do Poder, e, nomeadamente, às que têm passado pela pasta da Instrução Pública.

E não quero eu, Sr. Presidente, de modo algum, apontar êstes ou aqueles dos Ministros da Instrução como sendo os únicos causadores dos males que apontei, mas o que ou digo é que o ambiente em que êles têm desenvolvido a sua acção tem sido de molde a determinar-se uma inacção.

E, porque assim é, por via de regra, as reclamações e as solicitações são mais significativas do desejo de que aos alunos se ministro melhor ensino.

Porém, Sr. Presidente, isso fica no número das cousas esquecidas, e, por isso, é preciso que, de uma vez para sempre, acabemos com esta maneira de enfrentar assuntos momentosos, como são os da Instrução Pública.

Em geral, olha-se de esguelha para êles, e, usualmente, entra-se nos gabinetes para assinar determinado expediente ou para pôr em prática uma ou outra medida de intencional alcance e de que muito bem se poderia prescindir.

Sr. Presidente: parece que os nossos governantes, neste capítulo da instrução, todos êles têm estado positivamente na lua,

Se formos percorrer as páginas do Orçamento, referentes à instrução pública, nós encontramos aí quantias insignificantíssimas para o pagamento de dispêndios enormes.

Há pouco, referindo-me à adquisição de material didáctico, eu disse que ultimamente, devido aos esfôrços de um ilustre Deputado, o Sr. Sousa Coutinho já alguma cousa se tinha conseguido: o pagamento de uma propina suplementar, exigida aos alunos, revertendo o produto dessa propina em favor do material didáctico.

Mas, Sr. Presidente, sendo, como são, dispendiosos, de subido preço, os materiais necessários para o regular ensinamento, designadamente o material que é