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Sessão de 1 de Junho de 1925 19

cedido nossa época, que roxeio, bom a personalidade de João Chagas.

João Chagas era um homem imperturbável que não tinha entusiasmo nem tinha desalentos era, como se costuma dizer, sempre igual.

Quando o movimento estava no seu apogeu máximo, quando a organização estava quási a terminar, indo eu para uma reunião, encontrei o nosso roleta Sr. capitão Velhinho Correia, enfio aspirante, que me disse: V. é fulano V Sou. Eu sou fulano. V. vai para uma reunião onde está João Chagas? Vou. Então previno de que o capitão Cabrita foi chamado ao Quartel General acurado do implicado no movimento.

Desde logo percebi que a notícia a comunicar envolvia para o movimento uma grande contrariedade, mas João Chagas disse-me; não se incomode, temos cá muitos capitães Cabritas; continuaremos a nossa obra.

Decorridas algumas semanas João Chagas chamou-me para me preguntar se tinha comigo alguma grande quantidade de papéis. Disse lhe que tinha na algibeira só os papéis indispensáveis.

Pois bem, disso me, tenha cuidado porque vamos ser todos presos. Disse-lhe que a notícia que o senhor me deu há dias não tinha importância, mas se o fiz foi por recear que o senhor desanimasse, mas tinha realmente importância. Franca Borges já foi preso, eu devo ser preso ainda hoje. É preciso que os que cá ficarem continuem a obra iniciada.

Era assim êsse homem, que se chamou João Chagas, no campo evolucionário.

Perante a maior dificuldade, o maior embaraço, êle não tinha uma hesitação, não tinha um momento de desânimo.

Eis a razão porque eu, que por motivos independentes da minha vontade não pude ir ao funeral dêsse grande republicano, pedi a palavra para dizer que me associo sentidamente e com o maior do todos os desgostos ao voto do sentimento por V. Exa. apresentado.

Deplorando o desaparecimento de um homem como João Chagas, direi que se defeitos êle teve na sua vida largamente os compensou servindo bem a Pátria e a República.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Dinis da Fonseca: - Sr. Presidente: em nome da minoria católica associo-me sinceramente a todos os votos do sentimento pi opostos por V. Exa.

Seja me, porem, permitido que eu em breves palavras taça o destaque dos nomes de João Chagas e Eduardo Brasão.

Que a morte juntar os cadáveres destas duras figuras do nosso tempo. E neste momento, não sei porquê, na minha imaginação se afigura que realmente alguma cousa os associou na sua vida e que não sòmente na sua morte.

Decretou o Govêrno luto nacional pelo passamento do João Chagas.

Também de algum modo a estima pública decretou êsse luto pela morte de Eduardo Brasão, que com o seu talento a soube conquistar e encantar.

Um e outro pertenceram à mesma geração.

Foram ambos, se me é permitido dizê-lo, os guias dessa geração que nós poderemos considerar a geração dos demolidores: uns na arte, outros na literatura e no jornalismo e ainda outros no Acampo da política.

Foram talentos que se gastaram a demolir impiedosamente, o quási todos antes de baixarem ao túmulo só mostraram mais ou menos arrependidos deterem ido tam longe nessa obra de demolição.

Eça, Fialho, Junqueiro e ainda outros que foram seus contemporâneos, antes de morrer reconheceram que haviam ido demasiadamente longe.

Êles mesmo procuraram estabelecer contra corrente e nessa obra puseram em acção os últimos lampejos do seu talento.

A crítica tem dois aspectos.

Até certa altura é moralizadora e pode mesmo ajudar, preparar, aperfeiçoar.

Quando a excedo, a crítica torna-se mais que demolidora, torna-se subversiva. Reconheceram-no todos êles, Sr. Presidente.

Dos homens a que me estou referindo, dois, Eduardo Brasão e João Chagas, considerados sob êste aspecto, podemos dizer que, de certo modo, foram demolidores da tradição; mas reconheceram que também alguma cousa havia de bom no Passado.

Êles, que foram demolidores da crença, acabaram como?

Um deles morreu católico pratica-;