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Sessão de 1 de Junho de 1925 15

do, às manifestações do pesar pelo duro golpe que S. Exa. e acaba de sofrer.

Tenho dito.

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. Sá Cardoso: - Sr. Presidente: Em nome do Grupo de Acção Republicana, eu tenho de me associar aos votos de sentimento que V. Exa. acaba de propor.

Em primeiro lugar, referiu-se V. Exa. ao ilustre jornalista e republicano que foi João Chagas.

Só em 1894, pouco mais ou menos, tive a honra de conhecer pessoalmente João Chagas, o que não quer dizer, Sr. Presidente, que, antes de ter com êle relações pessoais, João Chagas não fôsse pessoa das minhas relações, relações que vinham de antes do 31 de Janeiro, através de outras pessoas por meio das quais nós comungámos na preparação dos movimentos revolucionários que se sucederam àquele o que não chegaram a ter a sua eclosão.

João Chagas, Sr. Presidente, teve, de princípio como jornalista, de exercer a sua profissão em jornais monárquicos, mas, um dia, após o ultimatum, resolveu romper com a Monarquia e entrar franca e abertamente no campo revolucionário para preparar o advento da República.

Homem de carácter como poucos, resolveu despedir-se do jornal onde colaborava para entrar franca e abertamente no movimento revolucionário do 31 de Janeiro. Só, quando da eclosão dêsse movimento, nele não tomou parte activa é porque se encontrava nos cárceres pelas querelas que foram feitas ao jornal A República Portuguesa, que fundou propositadamente para combater a Monarquia.

A causa da revolução não teve porém um incentivo tam grande como o que lhe deu João Chagas nos seus artigos escritos com alma, com fé, com convicção, João Chagas era de uma coragem digna de ser imitada por nós todos. Assumiu toda a responsabilidade do movimento de 31 de Janeiro contra cuja oportunidade, contudo protestara por não julgar o movimento suficientemente preparado, mas quando chegou o dia do julgamento e lhe preguntaram se assumia a responsabilidade do movimento, João Chagas, respondeu que assumia as suas e as de tudo quanto se acusava na Republica Portuguesa.

Preguntaram-lhe também se, quando estava preso no cárcere, tivera conhecimento da revolução, respondeu que sim, mas, convidado a dizer quem o informara, respondeu que nada tinha a dizer.

Esta nobreza de sentimentos só contrasta com o procedimento dos outros que denunciaram o capitão Leitão e até o próprio movimento.

João Chagas foi condenado a quatro anos de prisão maior celular e na alternativa de seis anos de degredo!

Veja V. Exa., Sr. Presidente, como os tempos estão mudados e como os republicanos, pela benevolência com que tratam os seus inimigos, deixam que se produzam movimentos revolucionários contra a República.

Em 31 de Janeiro a Monarquia não procedeu, assim, o que não lhe levo a mal.

Castigava e reprimia por tal forma que durante duas dezenas de anos não foi possível em Portugal um movimento revolucionário, embora dele se tratasse.

Lembro-me de um caso que se passou comigo.

Os republicanos tinham resolvido fazer novo movimento e solicitaram de Basílio Teles, aí por fins de 1896, que regressasse ao País. Veio e foi encarregado de organizar o movimento.

Fui eu, que era o secretário do comité revolucionário militar, incumbido de fazer a ligação de Basílio Teles com os elementos do norte que andavam desavindos. Basílio Teles partiu para o norte, organizando-se no sul o comité civil, de que fazia parte João Chagas.

Foi nessa ocasião que eu conheci João Chagas e apreciei quanto um homem pode trabalhar e sacrificar-se por uma idea. O trabalho desenvolvido por João Chagas jamais se me apagará da memória; e como consequência dêsse trabalho, conjugado, é claro, com o de outros revolucionários, esteve para rebentar em 1897 o movimento revolucionário.

Chegou mesmo a estar marcado o dia da revolução e só à, noite, na véspera do dia do movimento, os elementos de Lisboa