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20 Diário da Câmara dos Deputados

o outro, João Chagas, se sôbre a sua campa não se poderia escrever a palavra "arrependimento", creio que se poderá dizer com verdade que uma frase sintetizaria os seus últimos pensamentos:

"Quereria agora fazer diferente o lazer melhor".

Tenho dito.

Vozes: - Muito bom.

O orador não reviu.

O Sr. Rodrigo Rodrigues: - Sr. Presidente: estando presente numa assemblea em que só presta homenagem à memória de João Chagas, ninguém poderia interpretar o meu silêncio senão como um esquecimento incompreensível, só não me associasse a essa homenagem que foi proposta por V. Exa.

Tive a honra em 1912 de receber do João Chagas a prova da mais alta confiança política que se pode receber.

Governador civil durante o período perturbado por uma sublevação monárquica e por uma incursão que depois se deu, eu recebi do grande republicano e espírito de eleição, que foi João Chagas, os ta prova de confiança e de amizade: a de preferir abandonar o Govêrno a demitir-me.

Não se compreenderia, pois, Sr. Presidente, que eu,, nesta hora do mágoa e de dor, me esquecesse de vir aqui também curvar-me respeitoso perante êsse alto exemplo, juntando ao meu tributo de saudade de republicano a minha gratidão por essa prova de lealdade que recebi.

Os que comigo assistiram no gabinete do governador civil do Pôrto a êsse Facto, Carlos Calisto, a figura do simpático republicano, Sidónio Pais e João Chagas, já todos pertencem a êsse infinito unindo dos mortos e só eu resto como testemunha viva dêsse curioso episódio, tam depressa por nós passa a história tampouco duráveis somos na época agitada que estamos atravessando!

Depois dessa época. Sr. Presidente, em que me aproximei de João Chagas, por lhe merecer confiança e por comungar com êle no mesmo desejo de engrandecer a República, os meus sentimentos por essa alta figura foram acrescidos por uma amizade sincera e apertada, e por uma gratidão sem limites.

Não posso falar, evidentemente, senão pelo meu próprio sentimento; nenhum dos velhos republicanos, nenhum, dos republicanos de sempre, principalmente dêste lado da Câmara, delegou em mim para no associar à homenagem que V. Exa. propôs. Mas eu estou certo que, daqui, ou de além, onde quer que pulso um coração de republicano, isto é, de um português verdadeiramente amigos da sua Pátria, todos nós sentimos a infinita dor, não pelo desaparecimento natural e consequente da própria vida, mas, principalmente, por esta atmosfera de frio e de luto que nos envolve e que nos faz levar a olhar para aquele lugar, para sempre vazio, desde que o abandonou o grande orador, a elevada figura que foi Alexandre Braga.

Apoiados.

E, assim, sentindo cada vez mais a sua fui ta, devemos pedir lhos que, ressurgindo diante de nós, venham admirar a dor que nos comove, para lhe podermos dizer, ao mesmo tempo, que se a República atravessa um momento triste, não é porque em nós tenha deminuído o culto pela flor rubra da fé, e, que a raça portuguesa há de fazer marcar à República o lugar que lhe pertence na História.

Apoiados.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Pina de Morais: - Sr. Presidente: não me actuara a idea de falar nesta Assemblea.

Lembro-me, porém, que, sendo Deputado pelo Pôrto, e, sendo o Pôrto a cidade onde João Chagas iniciou as suas glórias e as suas vicissitudes e, onde sofreu. a brutalidade da prisão nossa sombria casa que os poderes públicos já dm iam ter destruído, e que se chama a Cadeia da Relação, monumento fradesco o filipino, onde quási se morre nas suas masmorras, e que toda a população odeia pela horrível impressão que lhe causa o bater das reixas.

Foi aí que João Chagas escreveu bolas páginas, e representando eu essa cidade, em nome dela é que me resolvi tomar a palavra.

De palavras está o mundo cheio, o de nada servem as figuras que querem realçar, a não ser quando a oratória tem as