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Sessão de 1 de Junho de 1925 23

negativa de quanto se prometeu e anunciou.

Os republicanos do antes de 1910 caracterizavam-se pulo seu desassombro nas convicções, pela coragem com que afrontavam todos os sacrifícios.

João Chagas soube dar êste exemplo de acção republicana, soube traçar esta linha de virtude republicana.

Nós aprendemos com êle

Não viemos para negociar situações em que nos deprimiríamos.

Chegámos, e quando chegámos foi para, pelos nossos actos o pelo nosso trabalho, nos mantermos perante as dificuldades resultantes da nossa acção corajosa e desassombrada.

É por êste caminho que temos de ir; não por outro.

O Sr. Ginestal Machado, a propósito da figura eminente de João Chagas, desfez, e muito bem, a lenda do derrotismo, de que diziam ter resultado a sua atitude de exilado.

Outros foram rodeados dessa lenda, como Basílio Teles, da cidade do Pôrto, que abandonou a política, porventura exilado voluntariamente por ser tam republicano que, na sua linha de incorruptível republicano, não ora susceptível de adiantar-se a transigências.

Apoiados.

Como êle, essa venerável figura da literatura Pátria que se chamou Guerra Junqueiro, que tinha grande confiança nos destinos da República.

Posso dizê-lo sem receio de desmentido, apelando para essa outra figura interessantíssima da República, Bernardino Machado, que é uma lição para muitos novos.

Apoiados.

Guerra Junqueiro disse-me palavras de incitamento que não esquecerei.

Eram palavras dum velho republicano, dum crente.

A João Chagas, a Junqueiro, a Basílio, como a tantos republicanos, o que nos pesa é ver que os processos monárquicos continuam no tempo da República, dando a impressão de que a Monarquia ainda não acabou e que a República ainda não começou.

O que nos dói a nós é ver que "arrivistas" de todos os tempos andam aí a negociar a República e a fazer o contrário do que se pregou no tempo da propaganda; o que êles não podem sentir, porque não o disseram, mas que nós o sentimos, porque o dissemos, e não por o dizer, mas porque isso correspondia a uma crença profunda em nós arreigada, visto que estávamos e estamos ainda convencidos de que é o regime republicano o que melhor se ajusta à tradição portuguesa e às necessidades de Portugal.

Apoiados.

Sim, Sr. Presidente, façamos justiça a êsses homens que souberam morrer na sua crença, e a qual os seus inimigos só só se atreveram a deturpar depois deles estarem mortos, e assim já não poderem opor a essa calúnia o formal desmentido que lhe poriam com certeza com a sua acção. Sim, Sr. Presidente, a verdade reflecte-se nestas palavras que aqui profiro e que, repito, são ditas apenas em nome pessoal, porventura procurando apenas traduzir o interpretar o sentimento da massa enorme de republicanos que a esta hora por todo o País não hesita em defender a República, mas que se sente incapaz de se ajustar aos processos de defesa empregados: que talvez deseje vir para uma atitude de combate, mas que se encontra na situação de se ter do atirar para o moio do charco, cheio de pedras para sua defesa, ou então ver passar a onda até subverter tudo, até que os novos apareçam aprendendo à sua custa as fórmulas do empirismo.

Cada uma destas duas acções, ou de andar no meio do charco, a chapinhar na lama e cai regado de pedras para lapidai-os vendilhões, ou então ficar inerte à beira dêsse mesmo charco deixando operar os últimos termos da dissolução que aí está, cada uma destas atitudes, repito, não é de pessimismo doentio ou de despeito, é ainda uma manifestação da crença que crepita na nossa alma, o a prova de quê não foram perdidas as palavras tocantes de João Chagas, de que não foram perdidos os esfôrços da dialéctica scientífica de Basílio Teles, de que os versos imorredouros de Junqueiro não caíram debalde nos ouvidos da gente de Portugal, e de que as palavras muitas vezes maceradas do ironia, mas sempre eloquentes, de Brito Camacho, não se perderam para nós.

Não, Sr. Presidente, êsses homens não