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Sessão de 1 de Junho de 1925 25

singular relevo, aquele soberano prestígio o aquela forte autoridade, subrepondo-se a interêsses e paixões como se impunha irresistivelmente a todos os arraiais políticos.

É vê-lo em toda a sua longa e agitada carreira política de precursor o fundador da República e do seu brilhante enviado na intelectual, culta e gloriosa nação francesa.

Em 1891, a Monarquia vendo que no rapaz de 28 anos que era então João Chagas, estava um adversário denodado e valoroso, e não se preocupando muito com o apuramento da sua responsabilidade na revolução de 31 de Janeiro, encarcerou-o e degredou-o.

Mas a solidão e o desconforto do cárcere não o abateram; nem a cruel tortura do degrêdo lhe trouxe desfalecimento à firme inteireza da sua alma estóica.

E quando o Poder, ou cansado de o perseguir ou crente em que o cárcere e o degredo teriam sido eficazes para o intimidar e lhe sofrear os ímpetos e o vigor de combatente, lhe deu a liberdade e permitiu o regresso à Pátria, ei-lo que retoma o mesmo pôsto de combate, com igual senão superior intrepidez e coragem, cotidianamente vibrando com elegante destreza, golpes certeiros e profundos no regime a que, paladino heróico da República, declara guerra implacável.

Nesta fase singularmente bela, que vai até à proclamação da República, a individualidade de João Chagas ostenta se em toda a pujança das suas soberbas qualidades de panfletário veemente e audaz de jornalista poderoso e eloquentíssimo, do fervoroso propagandista e de sagaz e forte organizador.

Na organização jurídica e política da República não lhe foi dado ter papel primacial ; mas nem por isso deixou do a acompanhar com solicito carinho, dando--lhe o atento da sua fé inquebrantável, o amparo do seu grande prestígio e autoridade e o conselho salutar do seu penetrante conhecimento dos homens o das cousas.

É sempre, Sr. Presidente, uma hora difícil e do extremo melindre aquela em que um regime novo tem de lazer a sua apresentação no mundo civilizado dessa hora, o Govêrno provisório teve o alto e felicíssimo pensamento de enviar João Chagas como nosso representante à intelectual o culta nação, que é a França.

Lá, a figura elegante do diplomata, sedutor pelo talento e pela cultura o sempre alentada pelo mesmo ardente sentimento de devoção patriótica e de dignidade nacional, que o consagrara para o culto da nossa admiração, serviu e honrou sobremaneira o País.

Quando, em 1914, a guerra pôs em risco os destinos da civilização, a larga e penetrante visão diplomática de João Chagas o o seu incansável esfôrço patriótico assas contribuíram para que a República, pela sua intervenção no formidável conflito, escrevesse uma nobre e iluminada página de esforçada afirmação da sua individualidade internacional.

Ninguém melhor do que João Chagas serviu a República.

Ninguém mais puro e alto do que êle teve o culto da Pátria. Ninguém melhor do que êle foi exemplo e modelo de elevação e fidelidade ao nobre ideal da Democracia.

Sôbre os dotes fulgurantes do intelectual de eleição, do ironista scintilante, do jornalista magistral, do literato de fascinador encanto, do diplomata perspicaz e devotado, paira sempre, valorizando os nobremente, uma admirável unidade de espírito patriótico e do sentimento cívico.

É essa constante unidade, enlaçando tam harmoniosamente seus dotes múltiplos e peregrinos, que o sagram para o culto do nosso respeito e homenagem da nossa admiração (Apoiados) o erguendo-o à culminância radiola de símbolo do cidadão patriota e republicano leal e devotado.

Patriota e cidadão que ama o povo com fervor e trabalha esforçadamente para o seu bem, mas, por isso mesmo, não o lisonjeia; que é indefesso apóstolo e soldado leal da Democracia, mas que por isso mesmo, sente que lha é vedado ser cortesão de paixões e de popularidade.

Sr. Presidente: à memória de João Chagas, o intelectual de elegante e selecta cultura, o jornalista modelar, o cidadão preclaro e nobre patriota e o republicano de inexcedível devoção pela causa da Democracia, o Govêrno rende a homenagem da sua saudade e da sua admiração.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem.