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28 Diário da Câmara dos Deputados

para mim mala penoso, desde que se trata de votar uma pensão para a mãe de João Fiel Stockler, do que não poder dar-lhe o meu voto.

Mas S. Exa. era um oficial de marinha, e, nessa qual idade, tinha seguramente o seu montepio.

Não vejo, portanto, razão para só continuar o péssimo sistema de se concederem pensões às famílias daqueles que morrem simplesmente pelo facto de terem feito parte de uma revolução.

O Sr. Presidente do Ministério o Ministro das Finanças foi pronto em declarar que o Govêrno dava o seu apoio à proposta em discussão.

Mas eu não sei se é assim que na hora grave que atravessamos, um Ministro das Finanças deve zelar os interêsses públicos.

Depois, quantas vezos o País não tem perdido filhos ilustres, cujas famílias ficam ao abandono?

Porque hão-de as famílias do uns ter pensões do Estado e as de outros não, numa República que se diz democrática, e em que a lei é igual para todos?

Sr. Presidente: por todas as razões que expus, a minoria monárquica não dá o sou voto à proposta e confia em que a Câmara lhe não dará também.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ginestal Machado: - Sr. Presidente: eu contava com a anuncia do Sr. Presidente do Ministério, mas eu ficaria mal com a minha consciência se não agradecesse a S. Exa. o ao Govêrno a maneira gentil e penhorante como deu essa anuência.

Tendo eu lembrado que bem faria o Govêrno em adquirir a biblioteca de João Chadas, eu não tive intuito de beneficiar material monte a família do ilustre morto, que mais lucraria, decerto, com a sua venda em leilão, mas, simplesmente, o do evitar que alguns preciosos exemplares dessa biblioteca fôssem levados para o estrangeiro.

Queria dar esta explicação à Câmara, porque não tenho outro qualquer intuito, aqui, senão o de prestar homenagem à memória de João Chagas e ao que nele mais o engrandecia e que era a sua vasta cultura, porque não tenho outra qualquer intenção que não seja a de servir, o melhor possível, o meu País,

Tenho dito.

O dita urso será publicaria na íntegra, revisto pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. Carvalho da Silva: - Sr. Presidente: o Sr. Ginestal Machado acaba de comprovar com as suas palavras a razão que me assistia ao fazer as minhas considerações.

S. Exa. que conhece, ao que vejo, a biblioteca de João Chagas, diz que há nela livros de um valor extraordinário, e, dado O preço que os livros actualmente atingem, deviam produzir, uma vez vendidos, uma quantia considerável.

Em tais condições, prova-se pelo depoimento de S. Exa. que a viúva de João Chagas não fica em situação de necessitar da pensão que o Govêrno lhe quero dar.

Eu queria frisar isto para que a Câmara veja bem o que vai votar e, depois destas palavras, bem justificado fica o voto que vamos negar à proposta do Sr. Presidente do Ministério.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro das Finanças (Vitorino Guimarães):- Sr. Presidente: o Govêrno, ao pensar em conceder uma pensão á viúva do falecido e grande jornalista João Chagas, colheu as necessárias informações e pode afirmar à Cantara que esta senhora não fica em boa situação económica, e nem o podia ficar.

Quem conheceu João Chagas, as suas qualidades de carácter, a sua honestidade, a sua dedicação, o seu constante espírito do sacrifício, sabe bem que o grande republicano nunca teve na sua vida situações em que pudesse auferir grande fortuna.

Sabe bem que Cie vivou apenas do seu trabalho o pela forma como êle geralmente é pago no nosso País a todos os grandes intelectuais.

E, além disso, sabem todos perfeitamente que do País inteiro é conhecida a sua vida, que em todos os momentos em que foi necessário que êle pusesse de parte todo e qualquer interêsse próprio,