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16 Diário da Câmara dos Deputados

tiveram contra-ordem e não marcharam para o Pôrto, onde devia estalar a revolução.

Porque esto movimento malogrou, surgiu uma época do desânimo, mas, passados alguns anos, os republicanos novamente pensaram em fazer outro movimento.

João Chagas voltava também a ser o mesmo homem do acção o até ao movimento de 28 do Janeiro êle e todos trabalharam afincadamente.

Muitos julgarão que êsse movimento só limitou ao que se passou na noite do 28 110 elevador da Biblioteca; não, o movimento de 28 de Janeiro foi do todos os movimentos aquele que teve melhor organização e que juntou à sua volta um maior número de elementos revolucionários, quer civis, quer militares.

O movimento de 28 de Janeiro não se produziu porque alguém que estava encarregado de prender João Franco na Avenida da Liberdade, por onde habitualmente pasmava, não o fez. Assim todos os elementos revolucionários que guardavam a palavra de ordem para agir, pondo em movimento as fôrças de que dispunham, tiveram de retirar.

Mais tarde seguiu-se o movimento de 5 de Outubro, que é do conhecimento de todos nós, e não vale a pena estar a recordá-lo, estar a descrever o que foi êsse movimento.

Foi proclamada a República, e depois dela proclamada diferentes movimentos revolucionários se seguiram, quando todos pensavam que de facto a República era o descanso. Engano! A revolução começou em 5 de Outubro e a geração de então nunca mais teve um momento de sossego.

João Chagas interveio do uma maneira importante nos Governos de Portugal, por diferentes vezes, o sempre se afirmou o homem do acção e o político disposto a dar todo o seu esfôrco e inteligência para serviço da República.

Quando Presidente do Ministério esteve em desacôrdo com o seu Ministro da Guerra, por ocasião da incursão monárquica no norte do País, porque êsse Ministro não pôde, não soube ou não quis tomar as disposições precisas para jugular a pequena incursão, e então João Chagas alijou o Ministro.

Mais tarde voltou a encontrá-lo ao produzir-se a primeira ditadura na República.

João Chagas, a quem alguém apodou de ter sido nos últimos tempos pessoa que não cria na Republica, fazendo o confronto da ditadura do João Franco com a de Pimenta de Castro, afirmara (pio a diferença entre uma e outra era muito grande, porquanto a ditadura de João Franco afastava os inimigos do regime o a de Pimenta de Castro :mo1ia-os cá dentro.

Contra ela protestou, como protestou depois contra a ditadura de Sídónio Pais, abandonando ambas as vezes o alto cargo que exercia.

Sr. Presidente: foi João Chagas um grande jornalista, e a esta acção dele já lho prestaram aqui a grande homenagem merecida, como lha prestaram, igualmente, pelo papel proeminente que teve durante a guerra, como Ministro de Portugal em Frauda, e se quem com êle falou pode saber a magoa que ia no coração daquele grande português, quando todo o seu trabalho e o dos seus colaboradores, para a participação de Portugal na guerra, se via estragado por aquela onda de derrotismo que avassalou o País e que foz desaparecer da França, como copo independente, o Corpo Expedicionário Português.

Quando a história falar, poder se ha então verificar quam grande foi essa traição.

Sr. Presidente: João Chagas morreu. A cidade de Lisboa ontem prestou lho a sua derradeira homenagem. Associaram-se nessa manifestação todas as classes de Portugal, as quais foram junto do seu túmulo, na última morada, dizer o derradeiro adeus, o lá estava eu também.

Mas, Sr. Presidente, há uma cousa com que estou em absoluta discordância: que a propósito da morte do João Chagas, como a de outros republicanos distintos, se faça um coro de derrotismo o se apresente a República como só estivesse na angústia, na hora da morte, também.

Ah! Não, Sr. Presidente. Não serei ou quem a êsse coro se associa.

A melhor homenagem que podemos prestar a João Chagas é - não aqueles que já estão na minha idade, porque êsses já pouco podem fazer, mas os novos, os que aqui se encontram e os que estão lá fora - inspirarem-se nos exemplos do