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Sessão de 1 de Junho de 1925 11

para conceder uma pensão à viúva dêsse cidadão, porque a situação em que ela se encontra não garante a sua subsistência.

Tenho dito.

O orador não reviu.

Foi aprovada a urgência e a dispensa do Regimento.

O Sr. Jaime de Sousa: - Sr. Presidente: estava longe de supor que teria de tomar a palavra na comemoração que V. Exa. acaba de propor à Câmara.

É longa a lista de mortos que V. Exa. acaba de ler, e temos que nos inclinar perante a fatalidade que há tempos tem caído sôbre os homens da República, ceifando a morte àqueles que mais vigor lhe têm dado e a quem ela mais serviços deve.

Coube esta vez o nome de João Chagas vir na cabeça do rol que V. Exa. acaba de ler.

Sr. Presidente: eu tive ensejo de conviver, no desempenho do serviços públicos, com João Chagas, circunstância esta que torna para mim bastante penosa a situação em que me encontro agora para fazer referências a êsse grande vulto da República Portuguesa.

Tive ocasião de conhecer de perto a acção dêsse homem, dêsse grande espírito, no desempenho da sua missão diplomática, para conseguir aquilo que era indispensável para Portugal.

Nessa altura tratava João Chagas com Afonso Costa, Vitorino Guimarães e outros dêste País, de reparar os prejuízos causados pela ditadura de Sidónio Pais, que, tendo sido feita durante a guerra, não podia certamente deixar de ser a última palavra para a República.

Êsses homens tiveram ocasião de reconhecer, seguidamente a êsse período, que a sua acção tinha sido completamente sabotada.

Assim, Sr. Presidente, quando em França Clemenceau teve conhecimento do que em Portugal, no mês do Dezembro do 1917, tinha rebentado uma revolução, disse que num País aliado, uma revolução em tempo do guerra, não podia deixar de representar uma manifestação dêsse País contra a guerra.

A falta de lógica que então se manifestou teve as consequências que todos nós conhecemos.

Sr. Presidente: tal era a situação oro que a cooperação de João Chagas desde a primeira hora se tinha manifestado para Portugal entrar na guerra, pois tinha a noção exacta que dessa colaboração resultaria a melhor forma de ser garantida a integridade da Pátria e das nossas colónias.

Calculem V. Exas. a angústia que atingiu o carácter do João Chagas, que, tendo pugnado pelo engrandecimento da sua Pátria o da República, via no acontecimento a sabotage, em parte, da sua acção e da acção dos homens que com êle tinham cooperado, como Afonso Costa e outros, para erguer de novo o prestígio da Nação Portuguesa e garantir a acção posterior ao Tratado de Versailles, para obtermos o máximo das vantagens para a Nação.

Foi formidável o trabalho dêsse homem do rija têmpera de lutador, não o havendo superior em Portugal.

Mais tardo na Conferência de Spa, com os outros homens públicos portugueses, João Chagas conseguiu para a situação do Portugal a vantagem de ser posta em igualdade com o Japão em matéria de reparações.

A sua acção ficou posta a par da acção patriótica; e eu poderia demonstrar como não menor vantagem obteve em toda a sua vida pública, de colaboração com aqueles que quiseram salvar a República.

Mais tarde teve intervenção contra as sucessivas ditaduras que se produziram neste País: contra a ditadura de Pimenta do Castro e contra a ditadura de Sidónio

Contra esta ditadura é que João Chagas mais se insurgiu, porque nessa altura
tratava-se de fazer a traição, a como já disse, da nossa colaboração na guerra.

Foi João Chagas retirado da sua missão em Pai is e substituído por quem, evidentemente, não podia deixar de ser investido nessa missão; quem tivesse contribuído para a implantação dêsse regime no País.

Ainda nesta hora, estando João Chagas em Paris, foi surpreendido pelo movimento de 18 do Abril, e preguntava no hotel em que estava: E quem são êsses homens, que cor política têm, quem os impulsionou para a luta?