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Sessão de 17 de Junho de 1925 5

vive, no emtanto, na saudosa recordação do todos os portugueses que tem amor à sua Pátria.

Sr. Presidente: citando esto feito heróico da aviação portuguesa, eu quero também lembrar à Câmara, numa saudação que ainda aqui não foi feita, os dois distintos aviadores que fizeram o raid Lisboa Guiné, e essa também com muita razão, tanto mais que tiveram lá do combater com o gentio.

Por êstes motivos, eu saúdo os dois heróicos aviadores que levaram a efeito o raid Lisboa-Guiné, como português o como republicano.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem.

O orador não reviu.

O Sr. António Correia: - Sr. Presidente: associo-me, em nome da Acção Republicana, ao voto proposto pelo Sr. Jaime de Sousa, e recordo, com o orgulho que caracteriza os- portugueses, essa façanha admirável de Gago Coutinho o Sacadura Cabral, na travessia aérea para o Rio de Janeiro.

Sr. Presidente: já que estou no uso da palavra, e encontrando-se presente o Sr. Ministro do Interior, e não tendo tido ainda a felicidade de ver inscrita na ordem do dia a continuação do negócio urgente generalizado sôbre o célebre caso do Rosmaninhal, não obstante as categóricas afirmações feitas nesta Câmara pelo Sr. Ministro do Interior de que êsse assunto seria resolvido pelos meios legais, os tribunais, eu permito-me neste momento fazer algumas preguntas a S. Exa. para que me diga-se, efectivamente, está sendo vítima de falsas informações prestadas pelo delegado do Govêrno em Castelo Branco, ou se tem sido enganado - o que não quero acreditar - pelo comandante da fôrça da guarda republicana que está encarregada de manter a ordem no conflito existente entre os povos do Rosmaninhal, Montes Claros e Cegonhas.

Confirmando as afirmações claras que fiz ao Sr. Ministro do Interior, do que passo algum tenho dado, sôbre êste assunto, fora do Parlamento, e chamando a atenção de S. Exa. para o caso, eu não tenho, todavia, adormecido em face das reclamações constantes, pode dizer-se diárias, das pessoas que, por parte do Poder Executivo, deviam ter aquela protecção a que têm direito.

E assim, tendo o Sr. Ministro do Interior declarado nesta Câmara que o assunto não seria resolvido com a intervenção da fôrça armada, não se negando a aceitar aquela moção que mandaria para a Mesa, se o negócio urgente fora generalizado, em que se dizia que a fôrça armada não servia para proteger interêsses de particulares, quero saber se efectivamente é verdadeira a afirmação que S. Exa. fez desde que me vejo forçado a ler à Câmara os telegramas que recebi de Castelo Branco e que julgo terem sido também recebidos pela Presidência da Câmara:

Leu.

O Sr. Ministro do Interior tem certamente em seu poder telegramas idênticos.

Mas, anteriormente à remessa dos telegramas pelos povos do Rosmaninhal, teve S. Exa. comunicação do Sr. governador civil de Castelo Branco de que, depois de um rigoroso inquérito a que procedeu, mandou um relatório, em que diz que só os povos dos montes tinham direito a ceifar as searas, pois só êles as tinham semeado?

Se assim é, se, como o Sr. Ministro do Interior veio dizer, dera ordens terminantes, para que as searas só fossem ceifadas pelos povos dos montes, se assim se procedeu, nada mais fez do que seguir o critério absolutamente justo e honesto do Sr. Sá Cardoso, quando Ministro do Interior, em situação idêntica.

Como só pode conciliar a resposta do Sr. Ministro do Interior, dizendo que dera ordens terminantes, para que as searas só fossem ceifadas pelos povos dos montes, com as devastações levadas a efeito com a cumplicidade da fôrça pública?

Como disse, as searas não foram ceifadas pacificamente, mas numa atitude de devastação.

Por aqui se vêem os intuitos perversos daquela gente que quero talvez dar cumprimento à terceira cláusula da célebre escritura dos 400 contos que permito que essa quantia seja entregue, quando os povos forem escorraçados de qualquer maneira dos montes.