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Sessão de 6 de Julho de 1925 51

uma série de preguntas para saber se o Partido Democrático sim ou não se comprometia a votar as propostas que êle apresentava, e a resposta foi de que não tomava semelhante compromisso.

Em face dessa resposta, declinou o convite.

O Sr. Rodrigues Gaspar (interrompendo): - S. Exa. marcou um prazo para serem votados os orçamentos, e a isso é que o Partido Democrático não se podia comprometer.

O Orador: - Não confunda V. Exa. as questões; o Partido Democrático negou o seu concurso e o seu apoio.

O único ponto em que estou de acordo com o Govêrno é quando êle diz que a aprovação dos orçamentos depende apenas do Parlamento.

De facto assim é, e eu poderia citar o exemplo da Roménia em que o Parlamento depois de ter produzido uma grande obra, antes de encerrar as suas sessões, para a poder terminar esteve nos últimos tempos a trabalhar à razão de três sessões por dia. Eu pedi menos, Sr. Presidente: queria apenas duas horas de ordem do dia para os orçamentos e duas para se tratar de outros assuntos.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro da Guerra (António Maria da Silva): - Começo por agradecer aos ilustres oradores que mo antecederam as penhorantes expressões que me dirigiram e aos meus ilustres colaboradores.

Não faço o seu elogio porque é absolutamente desnecessário. Simplesmente lamento que dois dos meus ilustres colegas aqui se não encontrem, em por doença, outro por ter sofrido um rude golpe. E é para lamentar que um deles fôsse trazido para a discussão.

Encontro-me aqui porque fui investido por quem de direito, em virtude de informações que lhe chegaram, após a audição das entidades que são os indicadores constitucionais, e por ter o meu partido incumbido de formar um determinado Govêrno.

A constituição dêsse Govêrno por forma alguma pode ser interpretada nesta casa do Congresso como declaração de guerra a quem quer que seja, meu correligionário ou qualquer outro agrupamento.

Lamento que o Sr. Sá Cardoso, que foi descobrir as muletas do Partido Republicano Português, não tivesse oferecido as devidas compensações.

Não me acusa a consciência de ter faltado a êsses deveres de cortesia. Não me acusa a consciência de ter praticado qualquer acto que possa desmerecer da consideração dos ilustres elementos que fazem parte da Acção Republicana.

O facto de ter constituído Govêrno com inteira liberdade de acção, como tem sido dada a outros homens do meu partido que constituíram governos, não pode nunca ser interpretado como um instrumento de agressão, quer para elementos do meu partido, quer para outros parlamentares que fazem parte de outros agrupamentos.

O eminente cidadão que exerce a mais alta magistratura do País não pode ser nunca considerado como uma pessoa que está tiranizada por qualquer partido, ou qualquer facção.

Não é homem que se preste pela sua comprovada elevação moral o intelectual a semelhante papel.

Apoiados.

O meu partido, a grande massa republicana entendia que o Govêrno devia ter determinada contextura e ser presidido por um homem público que a todos nós deve merecer respeito e consideração.

Acusou-se o Sr. Presidente da República de ter convidado êsse homem para formar Govêrno. Afirmo peremptoriamente, sem receio de ser desmentido, que o ilustre Presidente da República não fez tal convite.

De resto seria desnecessário.

Afirmo isso, porque a quem competia isso, desde que no Congresso do meu partido foi lembrado envidar todos os esfôrços para que êsse homem regressasse à actividade política, era necessàriamente o partido e não qualquer outra pessoa.

Não, Sr. Cunha Leal.

V. Exa. conhece-me suficientemente para que não imagine que no meu espírito eu pudesse albergar essa idea.

Nós estávamos no nosso direito de preconizar uma determinada solução política, de julgar melhor uma pessoa do que qualquer outra, e isso não era depreciativo para ninguém.