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48 Diário da Câmara dos Deputados

sua opinião sôbre êste assunto, e S. Exa. tem manifestado sempre que o que pretende, sobretudo, é que haja conciliação entro os republicanos e, por consequência, S. Exa. seria incapaz do entregar o Govêrno a uma facção.

Esta é a declaração que tenho a fazer, pelo conhecimento que tenho êste assunto, de modo que ou não vinha apresentar uma cousa que não correspondesse à verdade.

Mas quero agora tratar do uma questão que mo diz respeito, pela qual sempre tenho pugnado, pela união dos republicanos, embora cada um dentro do seu partido.

Eu sou incapaz de estar ao lado de qualquer cousa que se possa denominar uma facção do partido republicano, assim não consinto nem consentirei que qualquer criatura mal informada ou mal intencionada me coloque aqui ou alem. Eu é que sei onde estou colocado e por consequência não posso admitir que alguém me possa supor ao lado duma facção.

Sou contrário a facções, e por ser contrário a facções, é que mo revolto contra esta política que se tem estado a fazer, em que se tem desprestigiado o Parlamento, em que não temos visto senão questões pessoais, mas que na essência a massa republicana não compreende que estejamos aqui a combater-nos continuamente, e não vemos outra cousa que não seja o derrubar Governos e arranjar Governos.

Ora porque eu fui sempre um revoltado contra as facções, é que, por obediência ao meu partido, tive de constituir um Govêrno.

Não quero agora levantar questões; é melhor que elas me esqueçam, e não quero lembrar a forma como se tramou, desde a primeira hora, contra o Govêrno da minha presidência, sem que aqui se tivesse demonstrado quais os motivos porque êsse Govêrno devia cair.

Sr. Presidente: não quero referir-me mais a êste assunto, e apenas direi que êste mal-estar em que estamos vivendo deriva de facto desde a queda dêsse Ministério e sobretudo pela forma como êle caiu.

Sr. Presidente: há um ponto que também desejo esclarecer.

JDJ uma passagem do discurso do ilustre Deputado Sr. Sá Cardoso. Sabe S. Exa. o

grande respeito e a muita consideração que tenho por si.

S. Exa. disse que se tinha acabado com o bloco, porque se tinha constituído um Govêrno sem representação da Acção Republicana.

Sr. Presidente: não fui eu que constitui o Govêrno e por consequência eu vou dizer à Câmara o que entendo sôbre o assunto.

Eu por minha parte devo dizer que de tudo quanto conheço dentro do partido nunca houve idea de ferir de qualquer modo a Acção Republicana, que durante bastante tempo foi dando apoio aos Governos que se foram sucedendo, de maneira a poder realizar-se essa obra financeira que tínhamos em vista.

Mas a verdade é que a Acção Republicana quando só afastou do Partido Nacionalista disse que não constituía um partido, e quando eu formei Govêrno ouvi a declaração do seu ilustre leader de que davam o seu apoio sem pretenderem pastas, de modo que o facto de não entrar no Govêrno qualquer elemento da Acção Republicana de modo algum se pode interpretar como sendo uma declaração de guerra à Acção Republicana.

Não é isso, e permita-me S. Exa. que lhe diga que não me parece que com a moção enviada para a, Mesa S. Exa. tivesse prestado um grande serviço à Acção Republicana a que pertence, nem tam pouco um serviço ao País e à República.

Nenhum argumento foi apresentado por S. Exa. contra a constituição do Govêrno, nenhum argumento foi apresentado de maneira que se pudesse concluir que aquele Govêrno não satisfaria às condições do momento.

O único argumento que nós vimos é que o Govêrno não presta porque não está representada no Govêrno a Acção Republicana.

Sr. Presidente: nesta hora eu quero dizer o que penso embora sintetizando.

Eu creio que a forma como temos procedido várias vezes neste Parlamento, relativamente a Governos, pode-nos levar a uma situação muito crítica, a uma situação muito séria, e eu não quero de forma alguma ter a consciência de ter concorrido para êsse estado de cousas.

A oposição não é de guerra, a oposição é para pensarmos.