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Sessão de 6 de Julho de 1925 47

Pois a maior comoção da minha vida, aquela que me fez revoltar a ponto de tomar atitudes que me iam custando a cabeça, sofria-a eu quando vi nessa noite trágica o corpo esfacelado de António Granjo.

Eu não quero a política do ódio, mas a política do amor; mas firmemos essa política pelo amor dos princípios, pois o amor dos homens pouco importa.

Não tenho nenhuma má vontade contra os homens que se sentam nas cadeiras do Poder; com alguns deles tenho vagas relações e com outros tenho relações pessoais.

Não vim aqui para fazer cumprimentos e, por isso, francamente djgo que os homens com quem tenho relações pessoais podem continuar a mante-las querendo, não obstante pertencerem a um Govêrno que se diz que foi constituído para me esmagar.

Nem por isso, porém, deixo de ter por êles a mesma consideração pessoal.

Os outros, aqueles com quem tenho vagas relações, continuarei a mante-las, na certeza de que não darei um passo para êles, à espera quereles dêem o passo para mim.

Sou assim orgulhoso.
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Aqueles que vieram do nada, como eu, são assim firmes no seu orgulho.

Há uma cousa que a ninguém consinto: é esmagarem-me pelo achincalhamento.

Atarem-me uma corda ao pescoço e dizerem-me: "está aí quieto, até te matarmos", isso, não.

Através da minha vida, quer política, quer particular, há uma cousa que sempre tenho manifestado: carácter.

Não tenho a humildade dos antigos gladiadores romanos, que exclamavam no circo de Roma:

"Ave César, morituri te salutant".

Continuo a dizer que a solução política não é esta, como também não é a que preconiza o Sr. Cunha Leal.

A solução, neste momento, está mais alta.

Se é pelas eleições que havemos de saber o que o País de nós pensa, porque é que não havemos de estabelecer à luz do sol esta plataforma: quem tem votos é que deve governar?

Querem saber quem tem mais votos?

Presida às eleições quem está acima das nossas paixões, e veremos se o País está com o Partido Democrático, se está com o Nacionalista, se está com a Acção Republicana; veremos se o País está com o passado, o presente, ou o futuro, e se é pelo retrocesso, ou pelo progresso e pela democracia.

Isso é que é honesto numa democracia, e aí lanço o desafio.

Não tenho a ambição do poder; tenho, sim, a ambição de continuar dentro do meu partido a bater-me pelo programa partidário.

Ameaças, não as aceito.

Se me põem a ameaça de que tenho de obedecer ou morrer, eu direi: não obedeço, correrei talvez; um homem como eu morre no seu pôsto, mas não abdica, não transige, nem obedece.

Apoiados.

O orador foi muito cumprimentado por Sr s. Deputados da extrema esquerda da Câmara.

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe forem enviadas.

O Sr. Rodrigues Gaspar (para explicações): - Sr. Presidente: poucas palavras terei que pronunciar ainda sôbre êste debate.

É simplesmente para esclarecer um ponto que aqui foi versado:

Ouvi dizer que o Sr. Presidente da República tinha entregado o Poder a uma facção do Partido Republicano Português.

Sabem todos que o Sr. Presidente da República toma as suas resoluções após as comunicações que lhe são feitas pelas entidades competentes de cada partido, e eu cometeria uma falta se, realmente, me conservasse em silêncio perante a afirmação de que o Govêrno foi entregue a uma facção de partido.

Entendo que as questões partidárias não devem ser aqui tratadas; não é para isso que aqui estamos, e, por mais disfarces e subterfúgios de que se sirvam, na verdade, o que mais aqui se tem tratado são questões que pertencem à vida interna dos partidos.

Ao Sr. Presidente da República ouvi a