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44 Diário da Câmara dos Deputados

Disse-o aqui com clareza.

Disse mais:

"Mas o exército para existir tem de existir dentro daquelas possibilidades que lhe dêem a faculdade de realizar a sua acção".

E eu preguntei:

"O nosso exército está organizado por forma a realizar a sua missão?

Temos porventura infantaria bem municiada e apetrechada?

Temos cavalaria bem municiada e apetrechada?

Temos artilharia em condições de bem desempenhar a sua missão?"

Não, não temos nada disso.

Vai-se a um dêsses regimentos da província e encontramos regimentos onde só há oficiais; soldados, nenhum.

Isto representa uma verdade.

E ofensivo do exército?

Já eu disse mais:

"Quem quiser ter servidores, se querem que os sirvam bem paguem-lhes bem, servidores militares ou servidores civis".

Estão bem pagos os nossos oficiais do exército, os nossos funcionários civis?

Não, não há ninguém que diga sim.

Dizem todos: mas não há dinheiro!

Certo.

Mas eu pregunto, não há dinheiro porquê?

Porque sempre que aqui se apresenta uma proposta de lei a reclamar aumentos de vencimentos, logo as fôrças vivas se levantam, a gritar, a protestar que já pagam demais, que não é possível pagar mais.

E eu pregunto: porventura queremos ter exército 6 oficiais?

Pague-se-lhes.

Quem deve pagar?

Quem tem dinheiro; os ricos, porque a êsses sobretudo interessa a defesa da propriedade.

O exército serve para defender a Nação.

Sim. Mas no tempo de paz vai-se chamar também o exército para defender a propriedade.

Quem deve pagar? Quem tem dinheiro. E isso ofender o exército? Disse que o exército não serve para andar metido em conjuras permanentes, o exército, segundo a letra expressa da Constituição, servo para obedecer às ordens legítimas da autoridade.

Isto é ofensivo para aqueles que andam permanentemente na alteração dos descontentes para produzir alterações da ordem pública, perturbando assim a organização do exército.

Quem defende a honra do exército?

Sou eu que digo que êle não pode nem deve servir para fazer revoluções, ou são aqueles que andam a fazer aliciamentos?

Muitos apoiados.

Não ofendi o exército; eu, antes pelo contrário, quis pôr claramente um problema que tem de ser resolvido mais dia menos dia, se quisermos ter paz em Portugal.

Sr. Presidente: foi um devaneio simples, mas é para mostrar que por vezes as nossas palavras, por mais simples, por mais claras que sejam, são deturpadas.

Sr. Presidente: certamente, a propósito destas considerações simples também que eu estou fazendo, só vai desenvolver outra voz a intriga.

Eu sempre que falo. há um arraial no nosso País a meu respeito, por toda a parte se diz: "Mata, mata que é danado!"

Mas eu sinto que me estão elevando a uma categoria que eu não mereço, pois que todos os homens eminentes dos outros Partidos se ocupam da minha pessoa, quando eu não mo demoro nem um minuto a discutir as pessoas dêles, o que me leva a supor quási que tenho um valor que nem mesmo suspeito.

Há tempos fui à minha terra e conversei com um daqueles homens, simples pescador, que têm sempre uma imagem para exprimir os seus pensamentos - os nossos homens da beira-mar têm sempre os olhos iluminados pela luz do mar, sentem a audácia de querer dominar aquele enigma, que é o mar, que se estende ante os seus olhos -; e êsse, que me conhece desde pequenino, disse-me:

"Sr. Dr., atiram-lhe tanta pedrada, fazem-lhe tanta guerra! Não estranhe,