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Sessão de 6 de Julho de 1925 41

tinguir dois aspectos: um quanto à procedência da política dos homens que o constituem; o outro quanto à declaração lida há pouco pelo Sr. Presidente do Ministério. Quanto ao primeiro, devo dizer que o Ministério não nos inspira confiança, nem nos provoca desconfiança; nenhum dos seus membros saiu da nova organização política, e se nunca fomos aliados com os adversários do Govêrno, também nunca fizemos parte de blocos para governar. Não fazemos isto por tática, mas- por princípios estabelecidos. Não somos propriamente um partido político; não queremos, portanto, pertencer a nenhum campo político. Por consequência, perante qualquer Govêrno, aguardamos sempre os factos para nos pronunciarmos.

Mas já nos encontrámos diante da declaração ministerial, que é o segundo aspecto a que me referi. Quanto a ela devo dizer que não choca, nem implica, com a orientação dêste lado. Diz o Govêrno que fará uma política nacional; é essa que nós queremos ver feita, remodelando-se os serviços consoante as necessidades públicas.

Nós ficamos aguardando os actos do Govêrno, e, se os factos corresponderem a esta declaração, o Govêrno terá o nosso apoio, mas, se fôr ao contrário, nós faremos oposição terminante ao Govêrno. Eu sei que algumas pessoas têm dificuldade em compreender a lógica desta atitude; mas nós estaremos sempre ao lado dos princípios verdadeiramente patrióticos, verdadeiramente nacionais, pondo de lado as paixões políticas.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. José Domingues dos Santos: - Sr. Presidente: dêste lado da Câmara já falou o Sr. Rodrigues Gaspar, mas não o fez em nome do Partido Republicano Português, pois o. Grupo não reuniu nem antes nem depois da formação do actual Govêrno e assim falou por si. Não concordo com a opinião do Sr. Rodrigues Gaspar o por isso entendi que devia usar da palavra.

Sr. Presidente: já vão longos meses depois que eu estive à frente de um Govêrno que foi duramente combatido, sendo visada a minha pessoa muito especialmente.

Não quero seguir êsse caminho, porque entendo que as questões pessoais se resolvem lá fora e não aqui, pois o País que faz o sacrifício de nos pagar não é para isso, e por isso não respondo.

Lá vai uma citação:

Não há nada mais perigoso do que atirar uma pedra contra um homem silencioso. É como atirar uma pedra ao fundo de um poço. Atirar é fácil, retirá-la é que é difícil.

Atirar uma injúria é fácil; retirá-la é muito difícil.

Sr. Presidente: não venho trazer à discussão nenhuma questão de ordem pessoal. Não as tenho em política com ninguém.

Não as tenho, não as quero, nem as aceito.

Tenho, sim, questões de ordem política, e essas quero eu pô-las com toda a clareza e com toda a lealdade, aceitando consequentemente todas as responsabilidades que daí podem advir.

Os homens que não andam na política para ganhar, nem têm outros intuitos que não seja o servir a sua paixão pessoal, podem ser arrebatados por vezes violentamente, mas são sempre claros, andam à luz do sol, e querem que todos os portugueses os ouçam e os entendam.

Por vezes, em face de qualquer afirmação mais importante, de todos os lados, os mais contraditórios, surgem, as imprecações.

Ouço-as, deixo-as passar; é a caravana que passa. E cousa curiosa! Tempos volvidos, eu vejo que em volta dessas afirmações estão quási todos a rodar.

Vejam V. Exas.: durante o tempo em que eu fui Presidente do Ministério, o meu Govêrno teve a honra de trazer aqui várias questões.

Pusemo-las com desassombro e com lealdade à discussão da Câmara, à discussão do País, e nunca apelámos para nenhuma espécie de bas fond nem para a intervenção que não fôsse a própria Câmara.

Em volta de algumas dessas medidas levantaram-se protestos, surgiram reclamações; era preciso matar o bolchevismo.

E cabe agora recordar um facto episódico mas que tem a sua moralidade.

Fizemos publicar no Diário do Govêrno um decreto sôbre a reforma bancária.