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Sessão de 6 de Julho de 1925 45

esteja contente! Olhe que eu, quando era pequeno, nunca atirava pedras a uma árvore que não tivesse fruto".

Eu concordo que a observação é bem feita.

Sr. Presidente: não quero deixar de dizer ao Govêrno que hoje ocupa as cadeiras do Poder, e muito especialmente ao seu Presidente, que quer no acto da posse quer na sua declaração ministerial, de uma forma vaga, nebulosa, como são quási sempre os discursos do Sr. Presidente do Ministério, fez alusão a uma campanha que anda por aí à roda, à qual eu já não quero responder porque já não me preocupa: é a campanha a respeito das minhas ligações com a Legião Vermelha.

Guindaram à categoria de homem político o Sr. Bela Khun.

Guindaram à categoria de criminoso político o Sr. Avante.

Não o conheço, nunca o vi. Sei apenas que êsse Avante foi polícia da segurança do Estado quando eu não era Presidente do Ministério, e vi nas gazetas que êle tinha sido vítima de um atentado ali para o Cais do Sodré, por dar informações acerca da Legião a essa polícia.

Sr. Presidente : quero repetir mais uma vez a afirmação de que não conheço ninguém da Legião Vermelha, nem sei quem êles são. De resto isso é fácil, sabendo que em Lisboa conheço pouca gente.

Se alguém os conhece, se alguém lhes deu categoria de criminosos políticos, não fui eu. Pelo contrário, fui daqueles que disseram aqui que os homens da Legião Vermelha não são criminosos políticos, mas criminosos comuns.

Sr. Presidente: isto dito assim, com esta simplicidade, parece-me que devia excluir quaisquer insinuações, sobretudo da parte de pessoas que ocupam posições que não permitem insinuações desta ordem, pois parece-me que o Sr. Presidente do Ministério, segundo relato que vi nos jornais, quis dar a entender que não queria permitir que continuasse a política de transigência com os criminosos, não permitindo êle que se confundam as ideas políticas com os crimes comuns.

Quero preguntar ao Sr. Presidente do Ministério se isto se entende comigo, se S. Exa. quere reeditar mais uma vez a afirmação falsa de que tive qualquer espécie de relações com êsses homens.

Sr. Presidente: dizia alguém que o homem se conhece pelo seu estilo: estão escrito ou falado. Assim, as pessoas que têm vontade e intenções definidas, falam sempre claro; as que têm na cabeça ideas confusas, intenções confusas e vontade e atitudes também confusas, falam sempre confuso.

Eu, Sr. Presidente, sempre falei claro, não gosto dos homens que falam confusamente; gosto que digam tal e qual aquilo que pensam e querem.

O Sr. Presidente do Ministério nesta afirmação pretende reeditar essa afirmação? É uma pregunta tam clara que me parece dever merecer uma resposta igualmente clara.

Sr. Presidente: £ porque é que não posso dar apoio a êste Govêrno?

O Sr. Presidente do Ministério, quando se apresentou nesta Câmara, teve uma frase mais ou menos parecida com esta: "Quem com ferros mata, com ferros morre".

Podia agora responder a S. Exa. que "onde elas se fazem aí se pagam", mas não o digo porque seria dar um aspecto pessoal à questão que eu não quero dar.

A razão porque não posso apoiar êste Govêrno é simplesmente esta: porque êle não traz na soa bagagem nada do programa partidário.

Apoiados.

O Partido Republicano Português tem um critério assente em matéria religiosa.

O que pensa o Govêrno sôbre êste assunto? Nem uma palavra diz na sua declaração.

Sôbre o problema agrário também o Partido Republicano Português tem uma atitude definida.

O Govêrno nada diz sôbre êste assunto.

O que pensa o Govêrno em matéria social?

Entende que devem continuar nesta situação de abandono em que se encontram as classes operárias, trabalhando toda a vida e chegando ao estado de invalidez sem terem onde se acoitem nem o necessário para o seu sustento?

Em matéria de educação isto continua assim?

Há tempos, no Congresso do Partido Republicano Português pus claramente o