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Sessão de 6 de Julho de 1925 53

nhã consciência me acusa do actos criminosos ou desprestigiastes para a República.

Sr. Presidente: fui eu que apresentei uma proposta de emenda, que provocou a queda do Sr. Vitorino Guimarães e S. Exa., que é um homem de bem e de consciência elevada, sabe bem os esfôrços que eu envidei para que o seu Govêrno não caísse.

A Câmara conhece até uma plataforma que eu lhe dei para S. Exa. poder prosseguir no seu Govêrno.

Afirmei-lhe mais: que, se não podia continuar como estava constituido, se modificasse.

Eu não tinha trazido nunca para a discussão parlamentar ou jornais cousa alguma que pudesse vislumbrar, sequer, a idea de uma crise.

Nunca ninguém mo ouviu dizer que havia grupos dentro do meu partido.

É fácil trazer pura a discussão parlamentar afirmações que se produzem, e que se diz representarem o modo do ver da opinião pública, como se esta fôsse qualquer cousa que pudesse trazer-se dentro do bolso.

Acusam-me de não trazer um largo programa ministerial; se o tivesse trazido, era acusado da mesma maneira.

Lembro-me, a propósito, da fábula do velho, do rapaz e do burro, e, como não quero ser nenhum dos personagens dessa fábula, contínuo a trilhar aquele caminho que me parece o melhor, sujeitando-me embora à discussão dos parlamentares que discordem da minha maneira de ver.

A apresentação do uma declaração ministerial representa quási que uma tradição apenas.

A falta dela poderia ser julgada como um desrespeito ao Congresso da República.

Mas toda a gente vê que a primeira parte dessa declaração inclui as questões momentosas, aquelas que realmente podem pedir-se a uma Câmara- já prorrogada por duas vezes e que naturalmente não tenciona prorrogar-se até à consumação dos séculos.

Pregunta-se-me porque é que eu não falo na questão agrária.

Parece-me que talvez seja necessário buscar a candeia de Diógenes, para descobrir aquilo que na declaração ministerial se não contém.

O nosso processo não pode nunca ser o de mistificar a opinião simplista do povo português.

Em resposta às considerações aqui feitas pelo Sr. Nuno Simões, relativamente à estabilização, eu vou ler à Câmara um documento que aqui tenho.

Eu pregunto, em face do que acabo de ler à Câmara, se não tenho razão no que digo relativamente à melhoria do escudo.

Também se falou muito aqui na reforma agrária; porém, a pessoa que se encontra à frente da respectiva pasta, o Sr. Tôrres Garcia, dá-nos a todos nós a esperança e a certeza de que alguma cousa se há-de fazer sôbre o assunto; porém, o problema agrário, como a Câmara toda sabe, não é uma cousa que se possa fazer ou resolver de um momento para o outro.

O que diz, Sr. Presidente, a declaração ministerial sôbre o assunto?

Diz o bastante para se ver que o Govêrno está nas disposições de o resolver.

O que eu não compreendo, Sr. Presidente, é que venha declarar-se desde já uma guerra aberta ao Govêrno pelo facto de elo apresentar à Câmara um programa pequeno, pois a verdade é que, se êsse programa fôsse mais extenso, a mesma guerra lhe seria feita, conforme já tive ocasião de dizer à Câmara.

Não só compreende, Sr. Presidente, repito, que se faça desde já essa guerra aã Govêrno, quando é facto que êle não declarou guerra a ninguém.

Usou-se até esta frase:

"Eu não sou comido".

Êste Govêrno não adopta tais processos, não quere o mal de ninguém, não quere escravizar quem quer que seja.

Sr. Presidente: o Govêrno apenas quere governar, se o Parlamento lhe der o seu voto; quere apenas governar com utilidade e até com o reconhecimento de que, uma vez arrumadas as fôrças políticas da República, melhores dias virão para o País, visto que já então será possível a solução de problemas que a actual desagregação não tem permitido resolver.

Repelindo inteiramente o apodo do facção ou de Ministério de facção que se me dirigiu, tendo tanto respeito por mim que, fatalmente, o havia de ter para com to-