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20 Diário da Câmara dos Deputados

Se juntarmos a questão de Angola, que custou ao Pais corça de 500:000 contos, o empréstimo rácico que custou dezenas de milhares de contos por ano, a Exposição do Rio de Janeiro, o crédito dos 3 milhões, em que dezenas do milhares de contos foram deitados pela janela fora, isto sem falar no pão político, que custou corça de 500:000 contos, e noutras questões de igual jaez, a obra do actual Parlamento, a obra desta Câmara, sobretudo com a orientação que tem seguido, não querendo saber dos assuntos mais importantes ou votando-os de afogadilho, como querem agora fazer com o Orçamento, essa obra tem deitado pela janela fora mais de um milhão de contos do País!

Mas depois lá está o contribuinte para pagar!

Lá está o povo para sofrer, o povo de quem se dizem tam amigos, o povo que vê a vida cada vez mais cara, o povo, que se encontra dia a dia mais empobrecido!

Cá estamos nós? os que não temos nem queremos ter isso que para muitos é uma felicidade, mas que eu considero uma infelicidade, do comer à custa do Orçamento. Cá estão todos êstes para pagar, para ver em casa as suas mulheres e os seus filhos a sofrer as maiores privações, porque os Srs. parlamentares não estão para maçadas e querem votar as questões de afogadilho, sem se preocupar com o flagelo em que vão transformar a vida de cada família.

Mas, Sr. Presidente, trata-se agora de uma proposta do Sr. Sá Cardoso. Uma simples proposta do alterações ao Regimento - dir-se há. E há um lado da Câmara que faz um escarcéu desta ordem para que a proposta não seja aprovada! ...

Há, porque essa proposta refere-se ao mais importante assunto da administração de um Estado; porque essa proposta pode levar o País a uma situação sem saída, acarretando ainda mais privações à população e com ela só beneficiarão as pessoas que estão explorando esta terra como a uma roça. E eu não me quero referir apenas a exploradores que têm a sua influência ria vida política, mas também àqueles que, numa confusão perigosíssima, são enfileirados entro as fôrças económicas, fazendo com que sôbre estas - o comércio, a indústria e a agricultura - recaia o odioso de terríveis inimigos.

Mas ao que parece, tudo vai bem. Não são necessários quaisquer protestos.

Basta notar a boa disposição da Câmara para se tirar a conclusão de que o País está cheio de felicidade.

Conservador como sou, por convicção cada vez mais arreigada, compreendo que haja quem na extrema esquerda da Câmara defenda princípios absolutamente esquerdistas. E uma atitude. Combato-a porque é contrária aos princípios que eu defendo. O que não compreendo é um Govêrno que não representa princípios conservadores nem princípios esquerdistas. Um Govêrno assim só pode apoiar-se nos pescadores de águas turvas e há--de ser um Govêrno de esploração do País.

O Sr. Velhinho Correia (interrompendo).- assim que V. Exa. quere discutir o Orçamento?

É assim.

O Orador: - Sim, Sr. Secretário Geral.

O Sr. Velhinho Correia: - Isso é que é estar com espírito.

O Orador: - Eu estarei com espírito, o V. Exa. está contra os artigos 20.° e 21.° da Constituição.

O Sr. Paulo Cancela de Abreu: - É bom mau! São 50 contos por ano, fora o resto.

O Orador: - Sr. Presidente: V. Exa., faz favor, dizem. a que horas se deverá entrar no período de antes de encerrar a sessão?

O Sr. Presidente: - Ás 19 horas e 20 minutos.

O Orador: - Ainda não concluí, mas peço a V. Exa. que me inscreva para antes de se encerrar a sessão, estando presentes os Srs. Ministros do Interior e das Finanças.

O Sr. Carvalho da Silva: - Diz-se que nós estamos a impedir a votação desta proposta.