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Sessão de 16 e 17 de Julho de 1925 93

Presidente, que os outros procedam convenientemente, para que nós possamos ser sempre correctos. Oxalá que dêsses conúbios alguma cousa de útil resulte para o País. Nesta hora singular da vida política portuguesa, veremos quem tem razão.

Devo dizer a V. Exa., Sr. Presidente, em nome do Govêrno, que considero a moção do Sr. Pedro Pita dividida em três partes, dando aplausos à primeira.

A esta, o Govêrno lhe dá o seu aplauso. Sempre dissemos o mesmo e, de resto, eu tenho-o provado exuberantemente pelos factos que ainda há pouco relatei.

A segunda parte, não a posso votar, o mesmo acontecendo com a terceira e última.

Nós, Sr. Presidente, somos bons só quando fazemos tudo quanto os outros querem.

Está ainda na memória de todos a luta das "pastas". E o meu partido era quási sempre "comido", como diz o povo, porque as pastas eram para os outros. Muita gente beneficiou à nossa sombra: muita gente não teria a representação que hoje tem no Parlamento se não fôssemos nós (Apoiados) que alienámos lugares que, de direito, nos pertenciam.

E, porque assim é, isto fica-nos de ensinamento, porquanto todos se comprazem agora em maltratar-nos.

Eu tenho dito em todos os congressos do meu partido, que os homens públicos não se podem tratar como feras. Porém, não se tem querido proceder assim, o que deveras lamento.

Tencionava, neste debate, fazer apenas um reduzido número do considerações, mas fui forçado a alongar-me mais do que queria.

O que lá fora se não pode dizer é que eu perdi a sensibilidade. Não a perdi, não a perco, nem a perderei em qualquer campo.

Apoiados.

Tenho dito.

O discurso será publicado tia integra, revisto pelo orador, quando, nestes termos restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. Pedro Pita (para explicações): - Sr. Presidente: meia dúzia de palavras apenas.

O Sr. Presidente do Ministério quis tirar efeitos da palavra conúbio, sem querer atender nem às afirmações por mim feitas, nem às do Sr. Cunha Leal.

Como todos ouviram umas e outras, eu dispenso-me de as repetir aqui, afirmando simplesmente isto: não há de facto, entre o meu partido e os outros grupos parlamentares, qualquer conúbio.

O Sr. Presidente do Ministério quis ainda salientar, entre os muitos favores que tem prestado ao Partido Nacionalista, o de ter dado o seu apoio ao Govêrno Ginestal Machado.

Está na memória de todos, o que então se passou.

Êsse Govêrno veio apresentar-se às Câmaras, mas, poucos dias depois, foi derrubado, não porque se lhe imputassem responsabilidades por actos que lhe fossem atribuídos ou por palavras que tivesse proferido, mas porque não disse tudo quanto queriam que êle dissesse.

Foi essa a generosidade do apoio.

Assim, foi maior o gozo ao retirarem-lho.

Foi, Sr. Presidente, o prazer de poderem dizer que se tinha trazido aqui êsse Govêrno, com o apoio generosamente concedido, para o guilhotinarem na altura que quisessem.

Todo aquele favor se resumiu nisto.

O Sr. Presidente do Ministério afirmou também que, se alguém pretendesse fazer eleições a tiro, o partido a que S. Exa. pertence saberia responder também a tiro.

O bom julgador por si julga.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro da Guerra (António Maria da Silva) (interrompendo): - Não há dúvida.

O Orador: - E não tem, de facto, S. Exa. razão para atribuir ao Partido Nacionalista, que nunca fez eleições, quaisquer processos que, aliás com justiça, a Governos presididos por S. Exa. já têm sido atribuídos.

E passou S. Exa. com um ar tam irritado, tam diverso daquele com que S. Exa. se apresentou aqui no primeiro dia!

O Partido Democrático não estará ainda farto de permanentemente nos ter governado, desde que a República é República?