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92 Diário da Câmara dos Deputados

E veja V, Exa.: quero-se que o Partido Republicano Português não tenha o monopólio do Poder, quere-se a arrumação das fôrças políticas, não se querem grupos e grupelhos, mas o Partido Nacionalista, para assaltar o Poder, serve-se de tudo e de todos. E, então, do conúbio nasce o que se está vendo, até de cooperação com pessoas que se dizem ainda meus correligionários! É fantástica a compreensão de muita gente, que só por megalomania pratica actos ilógicos e impróprios para um partido que lhes deu alento, devendo até muitos deles favores inestimáveis a pessoas que nele só encontram. Mas tudo lhes serve perante o acto eleitoral! O pudor político lá vai por ares e ventos!

Apoiados.

É a isto que se chegou na República! Que só importa essa gente com a administração pública?

Mas vamos apreciar a sua situação, como, de resto, foi apreciada a minha. ^Vai ser chamado pelo Chefe do Estado ao Poder o Partido Nacionalista? Do que meios parlamentares dispõe Cie? Vai o conúbio? Não; porque o Partido Nacionalista quero ir só ao Poder, só o só, critério que parece que alguém do meu partido copiou, porque também queria ir só e só, e cá estamos sós... Porém, eu vim para aqui por indicação do Directório do meu Partido, de quem, aliás, tenho tido sempre a colaboração.

Apoiados.

Sr. Presidente: acusou-me o Sr. Sá Cardoso de ser descortês. Já lhe respondi, não querendo ir muito longe, embora no Senado fôsse mais além. Afinal, se alguém foi descortês não fui eu. Fiz tudo para fazer chegar aos ouvidos de S. Exa. o meu desejo de conversar com êle, e não fui atendido. Para me dar Ministros? Não, evidentemente; de contrário o Chefe de Estado e o Directório dir-me-iam: então V. Exa. disso que formava o Govêrno duma maneira, e depois, para apanhar votos, foi formá-lo doutra!? Mas, apesar de formar um gabinete partidário, não dei eu provas da minha isenção política, trazendo o Dr. Germano Martins para a pasta do Interior?

Apoiados.

Não, Sr. Presidente! A política alguma vez há-de ser clara. Ou se arruma ou não, mas? Sr. Presidente, eu tenho mais vontade de ser arrumado do que prestar-me a arrumações com outras pessoas.

Vê V. Exa., Sr. Presidente, em que fica o Partido Nacionalista. Vem, aqui ao Parlamento. Sujeita se a qualquer cousa que lhe não pode ser agradável. Pede a dissolução?... Com que direito? Já uma vez a teve o não soube usar dela. (Muitos apoiados). Êle é o segundo partido desta Câmara. E então êle é que tem êsse direito e nós não, que somos o primeiro? Porventura o Partido Nacionalista ter* homens mais patriotas, mais dignos que nós?... Mas como o Poder lhe podia fugir das mãos, apresenta uma moção. E esta moção é a glória principal de toda a minha vida política! Eu não sou de ódios. Não sou, nunca fui, nem serei. Mas se eu sentisse, ao ler essa moção, um gozo íntimo e se dela não pudesse resultar grande mal para a República, eu estava compensado de tudo quanto me fizeram algumas pessoas. Com efeito, obrigar "certas pessoas" que se dizem democráticos a votar a moção do Sr. Pedro Pita, não podia ter maior satisfação de espírito, nem maior glória na minha carreira política! ...

Apoiados.

A Nação entende-nos a todos (Apoiados), e se nós tivéssemos máscara ela bem saberá no-la tirar!

Muitos apoiados.

E porque assim é, Sr. Presidente, ela sabe bem quem tem razão e quem a não tem.

Mas voltemos à "arrumação" de que eu falava há pouco. V. Exa. Sr. Presidente, está vendo a esplêndida arrumação que vai ser feita. O meu partido não se importa de ser oposição, mas não dá a ninguém o direito de o deslocar do lugar que lhe pertence. E mesmo como oposição talvez déssemos alguns desgostos, quando os outros julguem que nos puseram o pó no cachaço, como diz o vulgo, com conúbios e conchavos pouco legítimos.

E se fizerem tiros contra nós, saberemos responder da mesma forma, como já o provámos com o nosso passado, através da história da política portuguesa!

Muitos apoiados.

Não nos assustam! Oxalá, porém, Sr.