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Sessão de 16 e 17 de Julho de 1925 87

Governos sôbre Governos, e essa responsabilidade pertence, principalmente, ao Partido Nacionalista, em que S. Exa. milita, que se tem aliado a todos os lados da Câmara para derrubar não sei já quantos Governos.

O Sr. Cunha Leal (interrompendo): - O Partido Nacionalista tem pôsto sempre um ponto de vista, sem preguntar se outros grupos o acompanham ou não. Não fizemos nenhuma aliança.

O Orador: - É possível que me não tenha feito compreender muito bem.

Eu não falei em alianças nem em conúbios. O que disse é que S. Exa. se tem juntado com vários grupos da oposição no mesmo objectivo político de derrubar êsses Governos, e então eu pregunto se o descrédito que provém para o Parlamento dêsse facto não é da responsabilidade do Partido Nacionalista.

O Sr. Cunha Leal (com licença do orador): - O Partido Nacionalista chega a esta isenção:

Apresenta-se um Govêrno da presidência do Sr. António Maria da Silva, e não lhe apresento nenhuma moção de desconfiança; mas, quando surge uma moção de desconfiança de qualquer outro Partido, compreende V. Exa. que não podíamos deixar de a votar, pois de contrário a nossa dignidade seria tam baixa, que nem se salvaria a nossa dignidade pessoal.

O Orador: - Não estou a censurar a atitude do Partido Nacionalista; estou simplesmente a afirmar que se descrédito algum tem advindo para o Parlamento deriva isso principalmente do facto de êste ter derrubado não sei já quantos Governos; e então, constatado êste facto, lembro que as responsabilidades, que nós todos temos, são também do Partido Nacionalista, do que V. Exa. é leader.

E tanto V. Exas. reconheceram que só não deviam. prestar àqueles actos a que V. Exa. ainda agora chamou jôgo de pim-pam-pum, que quando o Ministério da presidência do Sr. Vitorino Guimarães se apresentou aqui, depois de um discurso proferido por V, Exa. o Partido Nacionalista abandonou a Câmara dos Deputados.

Portanto, se V. Exa.. censurou o que se tem passado, em seu nome pessoal, bem está; mas, se censurou como leader do Partido Nacionalista, já não posso estar de acordo com V. Exa., porque foi de dentro do Partido Nacionalista que apareceram os primeiros mestres em matéria de obstrucionismo.

Tenho dito.

O orador não reviu, nem o Sr. Cunha Leal reviu os seus àpartes.

O Sr. Álvaro de Castro: - Sr. Presidente: já tencionava pedir a palavra para lavrar o meu protesto contra a maneira por que têm corrido os trabalhos parlamentares da sessão desde ontem. Sinto-me amesquinhado, e, pior ainda, sinto a República escarnecida por todos. Há o direito de praticar tais actos? A responsabilidade fica às pessoas que os praticam, mas não há o direito do praticar actos que atingem outros que têm obrigação de aqui estar.

Apoiados do centro.

É certo que as oposições quando têm fundamentos para isso combatem os Governos com os meios que têm, mas é preciso dizer que as oposições, nesta hora, ou qualquer dos grupos, têm sofrido caladas, com o coração a sangrar, tudo quanto se tem feito, e que têm sido verdadeiras frechadas no coração da República, e tais actos ou não são de republicanos ou isto não é República.

Eu me explico. Há o direito, porventura, de nos obrigar a assistir a discursos de nove horas e trazendo todas as matérias para o debate? Há o direito de um Deputado pedir a palavra para falar até à hora do jantar? Estamos aqui para fazer corridas de velocidade e de resistência nos discursos, ou para produzir fundamentos e razões pelos quais convençamos os homens que estão aqui? Não. Tenho o direito de dizer como, na Convenção Francesa, Eobospierre: Je vous, ropelle à la fondeur.

Não posso deixar de lavrar o meu veemente protesto contra tudo quanto tem havido no Parlamento, e fora dele. É mais que edificante o que se tem passado. A razão do oposição está precisamente na forma como os Governos procedem. A