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Sessão de 30 de Julho de 1925 7

tinuar-se na mesma criminosa administração, única de que a República é capaz?

Como ocorrer às necessidades de déficit orçamental sem aumentar ainda mais os impostos? E aumentando-os, consequentemente será aumentar ainda mais, muito mais, as privações e sacrifícios de todos os portugueses.

Compreendia que se defendesse um regime, quando se julga que êsse regime é o melhor, o que melhor satisfaz os interêsses de uma nação, mas não compreendo que o País queira defender um regime que esquece os interêsses nacionais, um regime que é incompatível com êsses interêsses.

O País debate-se na mais pavorosa das crises e a República não se importa com a administração do Estado!

E emquanto horas e horas, dias e dias, meses e meses se vive numa crise permanente e os homens disputam entre si as posições mais elevadas dentro do regime, a vida do País revê-se neste espelho.

Ah, Sr. Presidente! Isto é o espelho da República!

Pode a Câmara votar como quiser, más, se aprovar isto, demonstrará que está ao lado daqueles que deixam arruinar o País para salvarem as suas situações pessoais.

Não nos cansaremos de dizer à Nação inteira que não perca um instante, manifestando-se como um só homem, para que. um governo nacional, um governo que, acima de tudo, coloque os interêsses do País, possa salvar nos a todos e possa tirar-nos dêste gâchis vergonhoso em que se vive.

Não têm conta as vezes em que ao Parlamento têm sido, desde há a aos, apresentados papelinhos iguais a êste, e sempre à última hora, pedindo-se para a sua discussão a urgência e dispensa do Regimento.

Afirmam-nos, quando assim procedem, que será a última vez em que se discutam as contas do Estado por tal forma; mas o certo é que vemos, de vez em quando, repetir-se o mesmo.

Ah, Sr. Presidente! Até que ponto vai a cegueira dos homens, que não vêem que a República não é capaz doutra obra que não seja esta, que não vêem que, dia a dia, a situação se agrava, que não compreendem que, de momento a momento, o gâchis aumenta e que é chegada a hora, já que mais cedo ela não veio, do os portugueses se unirem como portugueses e não como partidários desta ou daquela facção, para um governo verdadeiramente nacional, procurando resolver a situação do País.

Eu pregunto, Sr. Presidente, se homens que procedem da forma como têm trabalhado os Srs. Deputados republicanos, por paixão política ou seja pelo que fôr, devem ou não ser considerados como verdadeiros inimigos da Pátria; pregunto, em presença disto, a quem está confiada a missão de defendê-la dos seus inimigos tanto externos como internos.

E dito isto, Sr. Presidente, não querendo de nenhuma forma que possam considerar que estamos a discutir uma cousa que não tem discussão, feito o apelo que entendo dever fazer nesta hora, para que a Pátria seja defendida por um Govêrno retintamente nacional, nada mais digo, e o País que acorde breve, porque, se não acordar, não terá salvação possível.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Dinis da Fonseca: - Sr. Presidente: eu pedi a palavra para fazer dois ligeiros protestos.

O primeiro, Sr. Presidente, é contra o sistema que se vem seguindo, de se discutirem cousas aqui na Câmara sem que os parlamentares tenham a possibilidade de lerem aquilo que se quere discutir.

Lamento, Sr. Presidente, que continue aberto nesta Câmara êsse sistema, que ou não posso deixar de considerar anti regimental, de se mandarem para a Mesa, quer por parte de parlamentares, quer por parte dos Srs. Ministros, quer ainda por parte das próprias comissões parlamentares, projectos que não são impressos nem distribuídos, afim de os Srs. parlamentares tomarem conhecimento daquilo que se quere discutir.

Creio que é êste o único Parlamento do mundo onde isto se dá, contra o que tenho protestado, e não posso deixar de protestar mais uma vez.

Sr. Presidente: não estranhe V. Exa. que eu tivesse suspendido as minhas considerações por alguns minutos; mas isso foi devido a eu desejar passar pela vista