O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 30 de Julho de 1925 9

duodécimo, na esperança de estar no Govêrno daqui a dias, e, portanto, dele carecer.

Estamos em face de mais uma contradição flagrante do Sr. António Maria da Silva.

Todos os Governos da República poderiam, porventura, julgar-se com autoridade republicana para pedir duodécimos.

Mas, quem não tinha a exercer autoridade para isso ora o Sr. António Maria da Silva, desde que contrariou a proposta do Sr. Vitorino Guimarães, no sentido de ser apenas votado um duodécimo, e fez afirmações concretas de que não votava mais nenhum outro.

Mas, afinal, tudo isto era fantasia, e V. Exas. devem lembrar-se de que, quando se discutiu aqui êsse assunto, eu declarei que não tomara a sério a condenação e os protestos do Sr. António Maria da Silva, porque se S. Exa. se encontrasse no Govêrno, em vez do Sr. Vitorino Guimarães, em lugar de pedir seis duodécimos, pedia doze, ou mesmo mais, se isso lhe conviesse. E se S. Exa. pudesse satisfazer a aspiração de ter o Parlamento encerrado durante um ano ou mais, em vez do pedir que a proposta do Sr. Vitorino Guimarães fôsse reduzida, desejaria que ela fôsse aumentada.

A prova de que isto é assim, é que o Sr. António Maria da Silva veio já pedir outro duodécimo. E se esta crise, que afinal é da República, se prolongar muito, ainda é capaz de vir pedir outro para Setembro, ou mesmo mais 3 ou 4, que é quási o mesmo que o Sr. Vitorino Guimarães pretendia.

S. Exa., politicamente, é capaz de tudo e nós já tivemos a prova disso.

Nós vimos que, durante o Govêrno do Sr. António Maria da Silva, o câmbio se agravou espantosamente.

A crise da vida atingiu proporções excepcionais, e a solução de todos os provincias nacionais tem estado inteiramente passada ao serviço das habilidades políticas do Sr. António Maria da Silva.

Sr. Presidente: nós não temos culpa de que a crise política se tenha prolongado durante quinze dias; não temos culpa de que esta circunstância tenha influído para que o Govêrno não pudesse apresentar a tempo a proposta do duodécimo, já que não podia obrigar à discussão dos orçamentos que, aliás, se acha iniciada, ô, portanto, sentimo-nos perfeitamente à vontade para lavrar o nosso protesto contra êste sistema condenável - o expediente dos duodécimos.

O Sr. Vitorino Guimarães, que continua a águas e que já tez as pazes com o Sr. António Maria da Silva, visto que apanhou o lugar de Presidente da Junta do Crédito Público, deve estar a esfregar as mãos de contente por ver que tinha razão quando afirmava que era necessário votar mais duodécimos para exercer a administração do Estado; e não precisou o Sr. Vitorino Guimarães de andar envolvido nas intrigas, nos truques, nas habilidades políticas de que o País tem sido espectador. O Sr. Vitorino Guimarães é talvez o único político republicano que neste momento goza tranquilamente a frescura e a delícia do campo, e, com tanta sorte, que lhe foi lá ter a choruda benesse que tantos ambicionavam e para que o Sr. António Maria da Silva o nomeou, a fim de conquistar as simpatias, porventura um pouco apagadas, em consequência da maneira como S. Exa. procedeu, derrubando o sou Govêrno.

Isto quere dizer, Sr. Presidente, que o Sr. António Maria da Silva pretendeu dar ao Sr. Vitorino Guimarães o prémio do consolação resultante da circunstância de o ter derrubado, e o Sr. Vitorino Guimarães demonstrou bem que não é vingativo, pois que ao passo que o Sr. António Mana da Silva derrubou o Sr. Vitorino Guimarães, o Sr. Vitorino Guimarães não votou a moção contra o Sr. António Maria da Silva. Por isso eu digo que o Sr. Vitorino Guimarães é o único ou dos poucos políticos da República que despreocupadamente e a frio encara a situação.

Os outros duodécimos, tem-se dito, e tem-o dito especialmente o Govêrno, tem sido consequência da esterilidade dos trabalhos parlamentares. Pelo facto de o Parlamento ocupar inutilmente o seu tempo, em vez de se ocupar da discussão dos orçamentos, êste duodécimo não consta que seja consequência disso, pois que a discussão dos orçamentos estava iniciada.

Não é culpa nossa que, assim como V. Exa. entendeu que esta proposta se pode discutir sem a presença do Sr. Mi-