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Diário das Sessões do Congresso

Sr. Presidente: compreendo que haja medidas de excepção, medidas de força num período anormal, como muito bem disse o meu ilustre colega Sr. D. Tomás de Vilhena, em que se lançam, regando o solo com o seu sangue, amigos contra amigos, irmãos contia irmãos.

Sr. Presidente: é um flagelo tremendo que todos temos de supoitar, todos, absolutamente todos, republicanos e monárquicos, republicano'; de todos os matizes e monárquicos de todas as facções, se as há. E uma inclemência impiedosa quo s>ó se justifica como uma. expiação fatal de todos os desvarios praticados nestes últimos quinze auos.

Pois é numa hora destas, saido^ ainda há poucos dias'dum movimeuto prontamente jugulado, quo o Governo nos vem pedir o adiamento do Congresso.1' ^Pois ó numa ocasião em que há necessidade de discutir e votar medidas de alta importância para a economia nacional, que o Governo se atieve a pedir o encoira-mento das Câmaras?

E então o Sr. António Maria da Silva, cuja pródiga inteligência em artifícios todo» nós conhecemos, surge com a sua habilidosa proposta de prorrogação da sessão legislativa. Como se nós em quinze dias théssemos tempo de discutir os orçamentos, de apreciar o problema das estradas e tantos outros que a República tem esquecido. Na sua ânsia de fazer apenas uma miserável política de farção...

Vozes da esquerda : — Não apoiado !

O Orador: — á Pois o que tem sido a política em Portugal nestes últimos tempos senão uma miserável aberração dos silos princípios da soberania nacional? Apelem para a sua consciência e hao-de reconhecer que são todos léus de altos crimes.

Vozes da esquerda : — Não apoiado!

O Orador: — A verdade ó esta, e não outra.

Vozes da esquerda: — Não apoiado!

Uma voz : — j Essa c a verdade monárquica!

O Orador:—A República tem de ser assim até o fim. Não sabe, nem pode ser outia cousa.

Mas, Sr. Presidente, afinal quais são as razões qne o Sr. Presidente do Ministério apresenta em favor do adiamento? ,rEnt;!io não tem S. Ex.a uma autorização parlamentar larguíssima que lhe confere poderes tam discricionários que-lhe permitem ir até a inviolabilidade do. domicílio? £ Pois ó ainda necessário exigir mais este sacniício ultrajante do encerramento , do Congresso, da soberania nauonal, que o Govêruo e maioria tanto dizem defender?

^Pois então o que é isto senão caminharmos para a ditadura revolucionária, a que se referiu há pouco o Sr. Carvalho da Silva?

,»Que medidas são essas qne o Governo tenciona, pôr em execução, para as quais não conta com a nobreza do Parlamento, desconsiderando assim o seu espírito de sacrifício, a lealdade da sua nobreza, chegando ao ponto — isto sem melindre para a sua honra pessoal — de nos \ ir ferir e melindrar com a idea que pomos em pouco o problema grave da ordem em Portugal, que todos aqueles'qne tenham o sentimento apaixonado do amor da Pátiia não tenham a coiagom de pôr de lado partidansmos, e não se poriam a seu lado para detender a ordem!

A ordom não é só aquilo que consiste em jugular de momento um movimento qualquer e manter essa vitória pela força das armas; a ordem está exactamente nos espíutos, está na confiança da nação, no sistema administratno do regime, confiança que não existe; a ordem para V. Ex.as naturalmente resume-so no 14 de Maio.

Vozes: — E no 19 de Outubro.

Vozes da esquerda: — E, ó, ó isso! Troca de apailes, agitação.

O Sr. Carvalho da Silva : — A ordem para V. Ex.as só virá no dia 30 de Fevereiro.

Sussurro.

líisos.