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.Sessão,de 29 de Abril de 1925'

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que eu julgava que encontraria o melhor apoio, visto proclamar constantemente os grandes princípios da ordem, da obediência, da disciplina e da legalidade, afirmando não querer nada qae aparente de acto revolucionário.

Tôm-se exaltado as próprias pessoas que entraram na revolução e, já que dessas pessoas se falou, tenho a dizer que foi com urna grande tristeza, com uma sincera comoção e .uma.profunda amargura que tive a notícia de que o tenente--corouel Raul Esteves estava entre .os revoltosos. ' ,•_.>.' i

Raul Esteves, foi meu companheiro de estudos nos bancos das escolas; ligou-me a ele uma estima inalterável, qae nada jamais fez quebrar.

Um facto da vida mais i, veio radicar essa .grande estima, foi o sermos companheiros' na guerra, nesses momentos cheios de angústia, e ansiedade. ' • .Disse-se aqui ontem que todos os políticos têm procurado o Sr. Raul Esteves para revoluções. Deve ter sido procurado por poucos e há um que o não procurou: fui eu. ,

Depois de estar no Ministério o Sr. Ministro do Comércio transmitiu-me a notícia; que foi senshelmente agradável para mim, que o Sr. Raul Esteves, meu antigo companheiro, condiscípulo e amigo, lhe ti-nha-falado de mim,com a estima que era -própria dos indivíduos que tinham essas re-aações, que desejava conversar.comigo, -porque estava mal .disposto, porque não ••se conformava com os boatos e atoardas que corriam. . >

Pelo telefone efectivamente preguntei ,aó Sr. Raul Esteves quando é que lhe podia falar, e dado mesmo as relações ,-que tínhamos, se "queria passar no dia seguinte, por minha casa, com a idea de lhe dizer que não tinha motivo algum para ,pÔr em'dávida por um só'momento a sua tlealdade e dedicação.

O.Sr: RaúKEsteves respondeu-me pelo telefone que me .procuraria no dia. se-gninte, rnao em .minha casa, mas no Mi-..nistério.

- Digo-lhe eu: ^mas V. quere vir ao Ministério? '

Responden-me que tinha muita honra nisso e desejava Tque o vissem entrar no -Ministério.

Foi.

Conversámos, e eu " como , seu velho amigo intimo, não lhe pedi que entrasse .em revoluções, mas que, sabendo a agitação que existia, com a,sua influencia procurasse serenar -os ânimos, e mostrei-lhe que o exército não podia .deixar de contar com a boa vontade dum Governo em que por acaso a maioria dos. Ministros envergam uma farda e são militares — não daqueles que envergando uma farda, passam o seu tempo em comissões civis — mas daqueles que prestam serviços militares, e que fariam tudo quanto fosse possível para o desenvolvimento e engrandecimento do exército, com o maior entusiasmo. T ' l

S. Ex.a acentuou que não havia motivo nem para desconfianças nem. para receios, e que-apenas o que porventura havia era descontentamento porque a falta de recursos qne tinha o exército não permitia dar--Ihe o desenvolvimento preciso nem permitia aos oficiais empregar a sua actividade como, era necessário, e que en, fazendo isso, concorreria para o restabelecimento compk-to da ordem, prestaria um grande serviço, e acabaria com todas essas irredutibilidades qne havia.

Sr. Presidente: a segunda vez que me encontrei com. o Sr. tenônte-coronel Raul Esteves foi na ocasião em que no quartel general se fez a entrega à. guarnição de Lisboa ^da taça por ter saído vencedora no encontro de foot-ball realizado com a guarnição militar de Madrid. . , • .

E, nessa festa a que fui assistir, porque entendi que não seria um intruso, tive'ensejo de dirigir umas palavras ao exército, de dizer'o meu modo de ver e de sentir, e qual seria o meu modo de agir em presença dos meus camaradas. t, ,

E o Sr. Raul Esteves foi um dos que me felicitou e ficou satisfeito com essas palavras e até achou um acto de boa política .'militar ter. ido assistir a .essa festa.