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Diário das Sessões d& Congresso-

Eu . bem sei que falo como pessoa que não tem responsabilidades de ordem política, em relação aos diversos partidos aqui representados. Podem as minhas opiniões desagradar, mas eu não devo explicações senão à minha consciência e ao País; e sou daqueles, Sr. Presidente, que podem afoitamente ter a convicção de cumprirem aqui dentro, quer pela assiduidade, quer pelo trabalho, integralmente o seu dever!

Apoiados.

Sr. Presidente: na Câmara dos Deputados, o Governo estava convicto, mas .profundamente convicto, de que esta pror-roca,ão seria necessária, e convencido também de que necessitava do adiamento de um mês dos trabalhos parlamentares. E quando, mais tarde, estes trabalhos com efeito se interromperam, estavam em marcha duas ou três interpelações das .mais importantes.

Tinha-se de interromper o interrompeu--se a discussão de uma proposta que o Sr. Ministro das Finanças reputara fundamental.

Estavam variadíssimos assuntos considerados de importância dados para a ordem do dia. E, entretanto, -o adiamento dos trabalhos fez-se. Contra ele votei. E mesmo muitos dos que querem apoiá-lo entenderam então que o Governo nada lucraria com elo.

Aqui estamos efectivamente hoje para constatar que nada lucrou e só perdeu com o a.diamento que se fez e para constatar também que, novamente, o Governo, com a maioria que o apoia, vem pedir à Câmara uma prorrogação dos trabalhos parlamentares, que seria de aceitar e aplau^ dir até, sé previamente se tivesse feito aquele entendimento sincero e elevado que era necessário que se fizesse, a fim de que os diversos partidos pudessem .ficar certos .de que o tempo que vamos gastar aqui seria utilmente aproveitado.

Tenho a consciência de que assim não sucederá. . Estou certo de que as questões políticas hãp-de continuar a sobrepor-se àquelas questões fundamentais para a vida do País,,de que ninguém quere saber. Ninguém se importa com essas questões. Embora muitos a?- tragam todos os dias nos lábios., não as trazem sinceramente no cor ração. •

Fui contrário à última prorrogação; se-

ria incoerente se viesse, sem que esses prévios entendimentos se fizessem, aplaudir, apenas por contemporização com o Governo, a prorrogação pedida agora.

^Tem, que se prorrogar a actual sessão legislativa? Prorrogue-se, mas faca-se a sincera mea culpa de todos os erros e abusos que ficam para trás, dando-se ao País a satisfação a que ele tom direito, dando-se à Nação .a reparação desses erros, que ela reclama, porque já cansada está de assistir ao espectáculo de nós próprios fazermos o desprestígio da organização a que pertencemos.

Creio que é da minha obrigação (porque não estou .dentro de quaisquer entendimentos, nem deles necessito, que não sejam os que sé fazem a bem do País e com os olhos postos nos altos destinos da Kepública e nos elevados^ interesses da Pátria), creio que é da minha obrigação, digo, preguntar para que é a nova prorrogação.

O Sr. Ministro das Finanças, quando se discutiu na Câmara dos Deputados a questão das estradas, anunciou que dentro em pouco viria ao Parlamento fazer uma detalhada exposiç.So sobre a nossa situação financeira, e que ao faze-la $u-, geriria ele, próprio os remédios para aquilo a que já hoje o País chama o de^ sastre das estradas,,desastre administrativo e político, desastre para todos que nelas têm de transitar.

Até hoje essa exposição não, se fez. Pregunto: ^a prorrogação que só pretende agora destina-se na verdade a dar ao País as explicações de. que ele carece e que todos aguardam há muito tempo?

£ A prorrogação que se prvtende agora destina-se na verdade a concluir todas as interpelações em marcha, todas as discussões interrompidas? . °

Sr. Presidente: estamos .vivendo em Portugal numa atmosfera de suspeicões e de dúvidas em relação'a determinados assuntos da administração pública. '