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o orgulho teutónico é a glorificação das ideas da civilização mediterrânica, que, desde o longínquo mito de Icaro, que se eleva no céu, até as concepções platónicas e às crenças cristãs que levaram portugueses e espanhóis à descoberta co mundo, afirma a supremacia do espírito sôbre a matéria, do melhor sôbre o maior.

É necessário que o Senado afirme e patenteie que dentro da Pátria Portuguesa, que, aliás, tem uma história heróica, há quem saiba avaliar a situação actual. nós, portugueses, somos bem da nessa época, pelo passado e pelo presente. Queremos certamente que os vencidos nos indemnizem das despesas e grandes prejuízos que a guerra nos ocasionou; queremos que nos seja restituída Kionga, que nos sejam firmadas as nossas melhores fronteiras ao norte de Moçambique e ao sul de Angola: que nos seja assegurada a nossa integridade colonial, que Lisboa possa ser, come hinterland próprio, um grande pôrto franco e a capital da Liga das Nações, mas queremos mais.

Nós somos uma potência colonial de primeira ordem, e as nossas colónias são uma afirmação das nossas qualidades de nacionalidade. Nelas existem caminhos de ferro, estradas carreteiras, correios e telégrafos, bancos, fábricas, granjas, toda a utilagem da moderna colonização; são uma afirmação de que a metrópole por elas se interessa, podendo concorrer com as outras potências coloniais, segundo as exigências das conferências de Berlim o de Bruxelas. Nenhum povo moderno possui mais altas e úteis qualidades colonizadoras do que o português.

As nossas colónias são para nós um título glorioso e mostram que nós sabemos colonizar melhor do que outras nações, como a Alemanha, que era nossa vizinha ao norte e ao sul das nossas colónias africanas. E a comparação é para nós, sob vários pontos de vista, favorável. Por isso nós temos que ir à Conferência da Paz não só para pedir compensação dos sacrifícios feitos, mas tambêm para alvitrar as soluções que hão-de tornar a Liga das Nações uma instituição jurídica e económica internacional capaz de dar realização aos ideais de justiça e liberdade que são a diferencial da civilização a que pertencemos.

E a ainda creio nos destinos desta terra bemdita, que soube e pôde fundar um império na Índia, que fez a colonização do Brasil, que ensinou ao mundo os processos da moderna colonização, que tem em S. Tomé e Príncipe uma colónia agrícola, modelar e que em Moçambique acompanha com brilho a colonização sul-africana. Ainda hoje os ingleses são discípulos de Afonso de Albuquerque.

Invoquemos os tempos heróicos em que os portugueses na África e na América, no século XVII, revelaram as grandes qualidades de colonização, qualidades que ainda hoje a Gran-Bretanha reconhece e trata de imitar.

O mundo, moderno, depois da grande guerra, não será governado pelos que queiram impor a astúcia ou a fôrça bruta, porque a consciência humana já se elevou bem altq^ara poder realizar a ordem pela integração de todos os indivíduos e de todos os povos na Liga das Nações.

Perdoe-me, Sr. Presidente, se eu, afirmando com entusiasmo as qualidades da minha raça, raça outro rã fulgurante pela crença num grande destino, pela disciplina do trabalho, peia fôrça de acção, pela sobriedade e resignação na luta, a julgo capaz dum nobre ressurgimento. O Congresso da Paz que vai realizar-se e onde nós havemos de ocupar um nobre lugar entre os povos históricos, não terá a dominá-lo, como o de Viena em 1815, os Metternich e os Talleyrand. Não! Desta vez é a voz dos povos que ali mais alto se fará ouvir. Os diplomatas do século XX serão os representantes dos trabalhadores, porque só êstes conhecem as necessidades dos que têm sede de justiça e só êstes poderão dar forma viável à Liga das Nações. E o tratado de paz que vai assinar-se, alêm de dar aos beligerantes vitoriosos a compensação dos seus esforços, organizará a sociedade futura para o trabalho. A segurança dos mares ficará, entregue à marinha internacional; cada nação produzirá livremente para a funcional permuta internacional. Não será possível uma nova Santa Aliança dos reis contra os povos ou dos plutocratas contra os trabalhadores. O mundo será de quem produz.

Porque não há-de Lisboa ser então a capital da Liga das Nações, já que a nossa esplêndida cidade foi outrora a pri-