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Sessão de 3 de Dezembro de 1918 17

repicassem grandes carrilhões de prata espalhados pelas cumiadas das serras.

Em todos os lugares dêsse lindo país: beijado e acariciado pelo mar e pelo sol e que a natureza prodigamente semeou de encantos, que inspirassem os artistas os poetas, rejubila o coraçãode milhões de habitantes.

E o grande poeta, que navegando por entre nuvens compunha e espalhava, cheio de esperanças, lindas estrofes da formosa epopeia da sua pátria, e o grande povo italiano, que identificado com o seu poeta querido, se havia tambêm inteligentemente identificado com as defensores da liberdade e da justiça, viram, emfim realizada a suprema aspiração da sua grande alma de patriotas.

As minhas calorosas saudações, pois, à Itália.

Internando-me nos países balcânicos, as mesmas sinceras saudações dirijo àqueles, que valorosamente e com sorte vária, cooperaram com os povos aliados na estrondosa derrota do inimigo comum.

Desacompanhados muitas vezes da fortuna e combatendo sempre com indomável bravura e inflamado patriotismo, sofreram, coitados, as mais rudes e repetidas provações.

Que ao menos os que sobreviveram a milhares de camaradas mortos pela fome e pelas inclemências do clima e da guerra, possam gozar largos anos de paz e de fortuna.

Sr. Presidente: Terminarei prestando o fervoroso culto da minha admiração e entusiasticamente saudando o inspirado árbitro da paz, o notável jurisconsulto, Presidente Wilson, cujo alto espírito compôs o mais formoso hino de liberdade, de altruísmo e, porventura, do idealismo, que se tem produzido e entoado no mundo inteiro;

O Sr. Eduardo Faria: — Tenho a honra de felicitar V. Exa. e de felicitar o Senado pela acertada escolha que fez elegendo V. Exa. para êsse honroso lugar, e de que estou certo, saberá desempenhar-se, visto as altas qualidades que exor-nam o carácter de V. Exa.

Eu pedi a palavra no uso que me confere o artigo 64.° do Regimento e mando para a Mesa a seguinte moção de ordem que passo a ler.

Leu.

Sr. Presidente: poucas palavras empregarei para justificar a minha moção.

Quaisquer que tivessem sido as determinações desse tremendo conflito mundial que já entrou no domínio da História, o que é preciso assinalar é que, Portugal, a Nação que aqui representamos, cumpriu nesse tremendo conflito, nobremente, dignamente, honradamente o seu dever.

Os ilustres oradores que me precederam expuseram, melhor do que eu o poderia fazer, os sentimentos que nos levaram, a nós portugueses, a entrar nesse conflito.

É notável que ainda mesmo perante êsse acontecimento, o mais memorável da história contemporânea, tivemos ocasião para afirma aqueles três predicados que constituíram sempre a característica portuguesa o valor, a lialdade e o mérito. Estas qualidades assinalaram-se desde os primeiros momentos e foram elas que nos levaram a combater, no tremendo conflito que acaba de findar, ao lado do povo inglês, secularmente nosso aliado. E por isso Portugal, comparecendo no congresso da paz, pode afirmar que vai a êsse congresso animado dos mais altos sentomentos.

Não foi por ambição, por desejos de domínio ou por qualquer outro sentimento menos digna que Portugal se colocou, ao lado dos aliadas. Portugal quis simplesmente cumprir o seu dever, e por isso devemos esperar que do congresso em questão surjam vantagens para nós. Mas, para que tal suceda, é necessário que, neste momento de gravidade excepcional, serenem as paixões políticas, se acalmem os ímpetos, encarando-se a frio as questões vitais da nacionalidade.

É necessário que não, nos envolvamos em miseráveis questões políticas, como aquelas que nos têm avassalado nos últimos anos, ta m cheios de perturbações.

Eu respeito muitíssimo o nome honrado dum homem de bem, como é o ilustre Senador Sr. Machado Santos, que possui nobilíssimos intuitos de generosidade; mas eu, apesar da minha insignificância, julgo-me com o direito de afirmar a S. Exa. que não é por simples, actos de generosidade que muitas vezes se pode fazer justiça, pois, em certos casos, da generosidade podem resultar deploráveis conse-