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12 Diário das Sessões do Senado

Associo-me, pois, Sr. Presidente, de todo o coração, à proposta.

Mas associo-me a um espírito de fervorosa, gratidão para com Deus, o rei dos exércitos e o supremo orientador das nações, na frase de Wilson, que me não cansarei de repetir.

O Sr. Castro Lopes: — Requeiro que seja prorrogada a sessão até terminar a saudação aos países, aliados, a que esta sessão foi destinada.

O Sr. Presidente: — Os Srs. Senadores que aprovam o requerimento que acaba de ser feito tenham a bondade de se levantar.

Foi aprovado.

O Sr. Queiroz Veloso: — (O discurso será publicado quando o orador restituir as notas taquigráficas).

O Sr. João José da Costa: — Sr. Presidente: para V. Exa. vão as minhas felicitações por ter sido eleito para o lugar de Presidente desta Câmara.

Que mais poderia eu dizer com relação à vitória das nações aliadas, depois dos brilhantes discursos dos oradores que me precederam?

Por isso, vou enviar para a Mesa uma moção que traduz o meu pensamento, e que peço licença para ler:

Leu.

O Sr. Presidente: — Na Mesa não se ouviram bem as palavras de V. Exa., mas a minha impressão é de que deverá ser antes proposta, do que moção.

O Orador: — Como V. Exa. entender: moção ou proposta.

O Sr. Carneiro de Moura: — Sr. Presidente: e ilustre Senador que acabou de usar da palavra não deve ter perdido o seu tempo, declarando que a nossa estabilidade política e económica se restabelece, trabalhando. A nossa época é para os que trabalham, sem exploração de trabalho alheio.

Há cento e quatro anos entraram: em Paris os exércitos aliados, da coligação contra Bonaparte, representados pelos Imperadores da Rússia, e da Áustria, pelo Rei da Prússia e pelo Rei da Inglaterra.

Bonaparte tinha abandonado a capital da França; e os exércitos aliados, depois dum, mortificante ataque à Cidade Sol, entraram em Paris, onde encontraram uma população desvairada. As dissidências, tinham perdido a França; os realistas, contra bonapartistas, os liberais contra os conservadores, fizeram perder a França, aquela unidade ,de crenças, de interêsses e de fins que a tornaram outrora grande; Esquecidos os massacres a que na véspera estiveram sujeitos os soldados franceses, que morreram, heroicamente, defendendo Paris, as mulheres mais lindas da capital gaulesa vinham para a rua assistir ao desfile das tropas vencedoras e sair tanto à garupa dos cavalos dos cossacos, dali queriam ver, admirar e conclamar o Imperador da Rússia, o Czar Alexandre, do qual diziam seu o mais belo e gentil homem que ainda os seus olhos tinha visto.

Já lá vão cento e quatro anos, e, Sr. Presidente, como a psicologia do velho mundo europeu mudou!

Hoje não se poderia repetir tam degradante espectáculo, contra a humanidade e contra a Pátria.

É que, passado um século, os sentimentos e as ideas mudaram muito. Cem anos vão volvidos após o Congresso de Viena. Hoje anseia-se pela Justiça e batalha-se pelo Direito dos povos. O Congresso de Viena de Áustria foi um Congresso fatal para a Europa. Há cem anos, os diplomatas da época não tinham, compreendido a situação do mundo; e, porque a não compreenderam, fizeram, uma obra baseada em artifícios jurídicos, para defesa de interêsses inconfessáveis.

Em 1817 surgiu a revolta, de Cadiz; em 1820 dava-se a revolução do Pôrto; em 1830 apareceram as revoluções da França e dos Países. Baixos; em 1848 agitou se o mundo pela revolução social francesa. O equilíbrio, artificioso de Viena nada tinha conseguido.

É necessário que a Conferência da Paz que vai realizar-se seja constituída como quere o Presidente Wilson, pela representação dos povos e não pelos representantes de oligarquias ou castas; é necessário que a voz do povo se faça ouvir nesse Congresso que há-de estabelecer no mundo, uma paz durável.

No Congresso de Viena os povos, não