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Sessão de 3 de Dezembro de 1918 13

tiveram representação jurídica e económica, pelo que daquele congresso resultou uma monstruosidade, bem caramente paga pelas perturbações do século que findou. O século XIX foi um século de fatais agitações, provenientes principalmente, do artificioso equilíbrio europeu com que a Santa Aliança quis comprimir os povos.

Mas, porque não dizê-lo?, eu ainda tenho, neste momento, algum receio, apesar das promessas de Wilson, de Clemenceau, de Lloyd George. Eu receio que se repita a Santa Aliança, e que venham a ser esmagados os que trabalham. Há neste momento ainda desvairados os inconscientes que pretendem estabelecem como que uma nova Santa Aliança, que agora será não dos reis contra os burgueses, mas dos plutocratas contra a multidão organizada dos trabalhadores.

É necessário que em todo os Parlamentos do mundo se afirme a justiça do povo ideal da cooperação da solidariedade humana, e é necessário que todos façam valer as palavras de Wilson, para que os povos, não continuem a viver comprimidos per fatais artifícios, impostos por minorias ardilosas. É necessário aproveitar a oportunidade histórica, para libertarmos rápidamente a humanidade de preconceitos e formas abusivas.

A humanidade tem andado sempre a procurar o equilíbrio, mas êsse equilíbrio tem assentado muitas vezes na força bruta. E as sociedades humanas tendem cada vez mais a ser governadas pelas idéas; O progresso humano está na razão inversa do, domínio do homem sôbre o homem, e na razão directa do domínio do homem, sôbre a natureza.

Sempre os conquistadores abusivos do mando procuraram, encontrar o equilíbrio social na acção bruta dos seus elementos de fôrça. Mas história regista o indefectível progresso do poder das ideas sôbre o poder dos bacamartes.

A humanidade: enganou-se, ou enganaram-se aqueles que julgaram representá-la quando procuraram estabelecer o equilíbrio social pelo atrofiamento dalgumas classes ou dalgumas nações em proveito de classes ou de nações privilegiadas. Não pode haver luta, de classes, nem de nações, no sentido de extermínio. Esse darwinismo social é um êrro fatal. A luta é para o aperfeiçoamento, e êste só se pode hoje, realizar no domínio sociológico, se procurarmos a orgânica cooperação de todas as classes úteis e de todas as nações produtoras. Mas às nações, como aos indivíduos, Sr. Presidente, custa sempre muito deixarem interêsses constituídos. É difícil dizer à Alemanha que largue a Alsácia Lorena, como é difícil dizer aos enriquecidos da guerra que larguem os abusos lucros da sua perniciosa indústria. Mas, quando o poder colectivo dos povos se eleva acima, dos interêsses egoístas dos indivíduos e das nações, a esse poder cumpre realizar a harmonia, social. E quando alguma classe julgou, que, para si, podia rei vindicar o artifício jurídico duma iníqua supremacia, essa classe traíu-se a si própria e a causa geral da humanidade.

O século XIX foi um século em, que se trocou o melhor pelo maior, foi um século ensangùentado por latas que a história regista com amargura. A grande indústria, servida pelas conquistas da sciência, pela viação acelerada, pelo telefone, pela imprensa diária, criou por aberração o grande egoísmo que desmoralizou o século XIX. Foi sempre assim; as grandes riquezas pervertem o senso moral dos povos. Os gregos, perderam a doçura e felicidade do viver quando Atenas se tornou um antro de mercantilismo e de negociação de escravos. Os romanos desapareceram perante os bárbaros quando a sua, grande riqueza os desmoralizava; em festins de bacantes.

A guerra de agora não podia evitar-se. Quem a causou, foi a cupidez do lucro; que já fizera a desgraça do mundo antigo. O século XIX trocou o melhor pelo maior. Desprezou a virtude e aclamou a vaidade e a ambição; admirou o colossal e desconheceu a grandeza e o poder das grandes ideas humanas, que a civilização mediterrânica tinha criado nos trinta séculos das grandes lutas espirituais.

Sempre a ambição individual do lucro desvairou o espírito humano. Sempre que nas sociedades humanas predominou a ânsia material da riqueza individual e dos prazeres materiail metalizando-se o coração humano, o desequilíbrio foi mais profundo. E, quando a ânsia do lucro domina o coração é inevitável a ruína dos povos. Esta guerra que acaba de abater