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10 Diário das Sessões do Senado

render graças ao Deus Omnipotente, rei dos exércitos e supremo orientador das nações.

Sublime exemplo e edificante lição!

Assim, senhores, quando a velha Europa, que devia ser o regozijo sagrado das nobilíssimas tradições cristãs, revela, sob o aspecto religioso, a sua decadência, sacrificando a inconfessáveis respeitos humanos e mostrando uma subserviência medrosa, perante as imposições do livre pensamento, nós vemos a jovem América do Norte, exuberante de seiva, activa, progressiva, moderna, prostrar-se a convite do maior e mais glorioso dos seus filhos, aos pés de .Deus Todo Poderoso.

Mas senhores, eu sou injusto quando falo da velha Europa.

Nem toda, nem toda se sacrifica àqueles preconceitos, nem toda se mostra subserviente e medrosa ante respeitos humanos.

Alberto da Bélgica, o país heróico nesta guerra de heróis, e Jorge V, o rei da nossa velha e gloriosa aliada, êsses não se envergonham de invocar, com o aplauso dos seus povos, a Deus em todas as suas proclamações.

Mas que falo eu de Jorge V?

O mais radical dos políticos ingleses, Lloyd George, que, ao lado de Gemenceau, se encheu de glória na recente guerra, pela sua actividade e inteligente acção. Lloyd George, como sabeis, na sessão solene em que anunciou à Câmara dos Comuns a assinatura, do armistício, acrescentou que o momento não era de discursos, mas de graças a Deus. E logo concluiu, convidando a Câmara a acompanhá-lo à catedral de Westminster, para se celebrar êsse acto de fé e de gratidão.

Ah: senhores. Que belo seria que — não eu, que sou o mais obscuro dos membros desta casa, mas quem de direito — imitasse Lloyd George e nos dirigisse convite análogo!

E eu pregunto se haveria aqui ninguêm que, como homem, sentisse pejo de praticar o que, agora mesmo e perante todo o mundo, praticaram Wilson, Alberto da Bélgica, Jorge V, Lloyd George e com êle todos os membros da Câmara inglesa!

Não deveríamos, porêm, senhores, proceder assim movidos só pelo exemplo, mas tambêm pela compreensão do acto do dever cumprido que praticaríamos.

O pensamento cristão, a respeito da sorte das batalhas, consubstancia-se nesta frase lapidar de Joana de Are: «Nós batalharemos. Deus dará a vitória».

A vitória é assim o produto da colaboração do homem com Deus.

O homem envida os seus esforços, porque Deus não ajuda a quem não trabalha, segundo o rifão tam português.

Mas debalde o homem se esforçará se o Deus dos exércitos o não ajudar.

E parei que Deus o ajude é necessário: primo que a causa seja justa; secundo que o auxílio de Deus seja invocado com fé.

Menos que nenhuns outros, nós, os portugueses, deveríamos duvidar destas leis na história.

Porque a nossa história, senhores, embrutece-se com a história destas vitórias inverosímeis, destas causas justas, vitoriosas, não obstante a desproporção das forças, vitoriosas contra todas as indicações dos cálculos dos homens.

Para só citar os casos mais flagrantes, Ourique, Valverde, Aljubarrota, os nossos descobrimentos, a fundação do nosso império ultramarino e a data que ainda ante-ontem festejamos, são outros tantos exemplos de causas justas, por nós vencidas contra todas as previsões terrenas por soldados e marinheiros cheios da mais intensa fé.

Oh! então em Portugal não se saberia o que eram respeitos humanos! Invocava-se Deus com a mesma fé, apregoada a todos os ventos, com que hoje o invocam os Wilson, os Alberto, os Jorge e tantos outros!

Nesta altura o orador aproveita a ocasião para dirigir aos soldados e marinheiros portugueses a mais calorosa saudação, que é vivamente apoiada, constatando que nos nossos soldados me se apagou a chama de Fé dos antigos batalhadores portugueses.

Referindo-se às palavras do Sr. Dr. Egas Moniz, que salientara os sofrimentos do soldado português nas frias trincheiras do norte da França sepultados em lama, relembra os cruéis sofrimentos suportados pelos nossos soldados no clima oposto, mas não menos inóspito, da África. E diz que, por certo lado, os sofri-