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Sessão de 3 de Dezembro de 1918 5

merata, desejo concluir como principiei, com uma saudação aos soldados portugueses de terra e mar, àqueles que souberam elevar tam alto, sôbre os seus escudos, o nome português, que neste momento vemos aureolado, pelas bandeiras de todos os aliados, no concerto da Liga das Nações, que hâ-de defender o direito, que há-de defender a democracia, que há-de defender a justiça.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Castro Lopes: — Sr. Presidente, em nome da maioria desta casa do Parlamento, associo-me à proposta de V. Exa. e às palavras brilhantes e sinceras do ilustre Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros.

Sr. Presidente, há muito tempo que não havia nesta nossa querida Pátria um dia de tam intenso desafogo, de tanta alegria e de bem estar, como naquele em que foi assinado o armistício. Eu posso dizer, meus senhores, sem receio de errar, que em nenhum dos países aliados, foi maior o contentamento, do que no nosso, porque o sacrifício que fizemos foi enorme, digno de registo, impondo-se à civilização de todos e marcando um lugar de destaque nessa luta gigantesca em defesa dos direitos mais sagrados da liberdade e da justiça.

E que, Sr. Presidente, se vimos e admiramos a oposição grandiosa e nobre da modelar Bélgica à passagem das tropas inimigas pelo seu território, mostrando altivamente como se defendem e respeitam os tratados; se sentimos em íntima amargura, como se fossem sôbre nós exercidas, as opressões e violências de toda a ordem de que foi vítima o povo belga; se foi verdadeiramente épico o esforço da gloriosa França no Marne e em Verdun, tremenda a resistência e acendrado o patriotismo dos franceses em defesa do seu território; se reconhecemos e admiramos a extraordinária organização que tomou a grande Inglaterra, os serviços de toda a ordem por ela prestados aos seus aliados; se, Sr. Presidente, e meus senhores, vemos com assombro, a forma decisiva e rápida como os Estados Unidos entraram na guerra, colocando-se ao lado dos aliados com o único fim — o triunfo do direito, da justiça e a libertação dos povos esmagados pelo
militarismo traiçoeiro e bárbaro; se, emfim, são dignos de toda a nossa admiração e simpatia os nossos aliados que se bateram, sem um desânimo, até ao último momento, temos de reconhecer tambêm que o nosso sacrifício, pelas circunstâncias especialíssimas em que nos encontrávamos, não foi menor.

E ainda bem que assim sucedeu; cumprimos lialmente o nosso dever, os tratados de aliança com a Inglaterra, mais uma vez levantamos o glorioso nome português e afirmámos a coragem dos nossos soldados de terra e mar batendo-se com ardor, lado a lado dos outros bravos.

As minhas homenagens, pois, pelo triunfo da causa que era de nós todos, os protestos da minha maior admiração pela bravura dos exércitos aliados e as minhas saudades mais sentidas pelos nossos que nos campos gloriosos da França, no solo africano e no mar, morreram pela salvação da nossa Pátria.

Vozes: — Muito bem.

O Sr. Mário Monteiro: — Sr. Presidente: Em nome da minoria monárquica desta Câmara, venho associar-me calorosamente às eloquentes saudações propostas por V. Exa. Portugal tem sobejos motivos para se congratular com o feliz êxito da luta, porque, se outro fôsse o resultado dela, se a palma da vitória em vez de ostentar-se radiosa nas mãos das nações aliadas, fôsse empunhada pelos impérios centrais, Portugal seria a estas horas o grande sacrificado da guerra.

E lei histórica de inflexível aplicação, porque se funda na triste condição do egoísmo humano, que, na resolução dos conflitos armados, tem de recair sempre sôbre os povos mais fracos, ou que menos resistência podem opor, as mais duras exigências do vencedor, e, dentro os que em tais circunstâncias se achavam envolvidos na guerra, era Portugal, sem dúvida, o que mais tinha que perder.

E todavia não foi inconscientemente, mas antes com plena consciência do perigo mortal que corria, que Portugal se envolveu na luta, não obstante não ser impelido para ela por qualquer sentimento de ódio ou hostilidade contra os impérios centrais, por qualquer conflito ou antagonismo de interêsses que fôsse mister ré-